Uma picape compacta lembrada com nostalgia até hoje, pelo seu conforto e dirigibilidade. Essa é a Ford Courier, que foi vendida no Brasil entre 1997 e 2013.
Por ter um extenso know how no segmento de picapes derivados carros de passeio, a Ford aproveitou o bom momento e apresentou em 1997 a primeira geração da Ford Courier, modelo que tinha tudo para ser uma referência em economia e robustez, mas que com outros players mais fortes no seu segmento acabou perdendo bastante terreno.
Ford Courier no Brasil
A história de certo ponto curta da Courier no nosso mercado, começa em 1997, quando a Ford apresenta a versão picape da 4ª geração do Ford Fiesta.
Com linhas modernas em relação a Corsa Picape e a defasada Fiat Fiorino, a Ford Courier tinha visual agradável – apesar de seu conjunto frontal parecer sempre estar cansado – antes do primeiro e único facelift do modelo em seus 16 anos.
Por conta disso e da idade do seu projeto, a Courier acabou por amargar em vendas ao longo dos anos.
Mas no início de sua jornada a Ford Courier até que conseguiu bons números de vendas por conta do seu projeto. A boa dirigibilidade herdada do Ford Fiesta agradava também na picape que tinha uma boa relação custo/benefício.
Outro trunfo da Courier era o fato de ter a maior caçamba da categoria e o maior volume de carga: 1.300 litros de capacidade e carregar até 750 kg de carga.
Na questão de motorização, a picape oferecia duas opções, a primeira vinha com o motor 1.3 litro Endura com 8 válvulas – 60 cavalos e 10,4 kgfm de torque – associado ao câmbio manual de 5 velocidades.
Já na versão intermediária e topo de linha a Ford Courier usava o moderno motor 1.4 litro Zetec com 89 cavalos e 12,5 kgfm de torque, também associado ao câmbio manual de 5 marchas.
Por falar nas versões, a versão intermediária da Courier vinha com direção hidráulica, vidros e travas elétricas e o vidro traseiro era do tipo basculante.
Na versão topo de linha, chamada de Courier Si no começo de sua vida (no final existia apenas as versões L e XL) tinha um apelo esportivo – só apelo mesmo – vinha com todos os opcionais da versão intermediária, com os para choques na cor da carroceria e rodas de liga leve de aro 14.
Única atualização da Ford Courier em 2000
A primeira e única atualização de estilo vinha em 2000, quando a Courier ganhou o mesmo conjunto frontal do Fiesta, atualizado.
O modelo ganhava novos faróis, ligeiramente maiores e mais pontiagudos – que tiravam a cara de cansado que o modelo tinha – com para choques mais encorpados e novas rodas de liga leve.
Além da atualização visual a Ford Courier também ganha um upgrade no quesito motorização. Saem de cena os motores 1.3 e 1.4 para dar lugar ao 1.6 litro Zetec Rocam de 8 válvulas com 95 cavalos e 14,2 kgfm de torque.
Ainda nesse facelift, a marca faz uma alteração também na nomenclatura das versões da Courier, a versão básica que não tinha nome, passa a se chamar L e a topo de linha Si agora atendia por XL.
Já para o ano seguinte, a Ford Courier ganha uma versão chamada Sport, com itens de conforto como ar condicionado, rodas aro 14, para choques na cor do modelo e detalhes em alumínio no interior.
Para 2006, o modelo ganha uma versão Courier Van para uso exclusivo comercial.
Ford Courier com motor Flex e fim de vida
Já próxima do seu fim, a Ford Courier ganhou em 2006 uma última atualização no motor 1.6 Zetec Rocam que agora passava a ser flexível.
Ele entregava 96 cavalos quando abastecido com gasolina e 107 cavalos com etanol. O torque era de 15,6 kgfm para etanol e 14,8 kgfm para gasolina. Fora essa última atualização, a picape se manteve intacta até o final de sua vida, o que aconteceu em 2013.
Em 2013 a picape derivada do Fiesta de quarta geração saiu de linha deixando o mercado sem nenhuma sucessora direta.
Existiram especulações sobre uma nova Ford Courier baseada na nova geração do Fiesta lançada em 2002 ou do Ford EcoSport de 2003 – uma espécie de EcoCourier – mas nunca saíram do papel.
Mas se por aqui a picape teve apenas uma atualização de estilo e uma troca de motores, a sua versão vendida na África do Sul como Bantam teve outro desfecho.
Bantam e Robin
Se a nossa Ford Courier veio ao mundo em 1997 derivada do Fiesta de 4ª geração, a Ford Bantam produzida na África do Sul veio derivada do Ford Escort de 1983.
E se você acha que já tinha visto de tudo, a Ford te prova que não, com a picape derivada do Escort.
A segunda geração da Bantam foi apresentada em 1990, e era baseada no Mazda 323, e era vendido como Mazda Rustler. Dessa segunda geração, o modelo ganhava um motor 1.6 de quatro cilindros.
A terceira geração da picape vinha a ser a nossa primeira geração da Ford Courier – só que sem a carinha de cansado – e tinha até opção de cabine estendida e degrau na caçamba para auxiliar na carga e descarga.
Além do conjunto frontal levemente diferente da versão brasileira, a Bantam tinha faróis duplos e um desenho totalmente diferente na traseira – tanto na tampa da caçamba quanto no desenho das lanternas traseiras.
Com um apelo muito mais esportivo do que a nossa Ford Courier, a Bantam obteve um sucesso relativo no mercado Sul-Africano, durante sua curta vida.
Rã na Montana
Montana da Ford? Sim. A Ford lançou em 2008 uma versão da Bantam chamada de Montana, a picape derivada do Agile que se recusa a sair de linha até hoje no Brasil.
Esse modelo era tido como uma versão “aventureira” da Bantam, por conta das molduras nas caixas de roda, estribo em alumínio na traseira e um enorme santoantônio na traseira.
Na dianteira, o modelo vinha com faróis duplos e para choques pintados na cor da carroceria.
Já no interior, o modelo seguia a mesma receita da nossa Ford Courier com painel simples e com iluminação verde. Mas diferente do modelo nacional, a picape do mercado Sul-Africano vinha até com Air-Bags.
No quesito motorização, a Bantam poderia vir com motores a diesel como o 1.8 ou o 1.4 litro.
Em meados de 2009, o modelo passava por uma remodelação visual que deixava seu visual mais elegante e harmonioso.
Saem de cena os faróis mais gordinhos e pontiagudos, chamados por alguns de olhos de gatinho, para um visual mais retangular mantendo as pontas angulares.
A dianteira ganha uma boca trapezoidal e os faróis de neblina ganham novos desenhos. Na traseira, as lanternas ganham um novo desenho interno e a tampa da caçamba – que agora contava com o logotipo da Ford centralizado e em tamanho ligeiramente maior que antes.
O modelo seguiu com esse visual até meados de 2011, quando saiu de linha e assim como a versão brasileira não deixou nenhum substituto em vista.
Van Courier
Atualmente o nome Ford Courier na linha da empresa está associado a uma van derivada da plataforma do Ford Fiesta, e tem versões de passageiros e furgão.
Apresentada em 2014, a Ford Transit / Tourneo Courier vem agradando por conta de seu visual elegante e bem equilibrado, por beber da mesma fonte que o Fiesta de 2014, e pelo seu bom espaço para passageiros ou para carga nas versões furgão.
Se na parte externa o modelo usa a mesma linguagem visual do Fiesta, no interior o modelo pega emprestado a mesma arquitetura do B-Max – a minivan baseada no Fiesta – com linhas bem elegantes e bom nível de acabamento interno.
O modelo atualmente não é vendido no mercado norte-americano e tem suas vendas mais focadas na Europa.
Toro Courier
Segundo especulações recentes e entrevistas realizadas por sites e revistas especializadas, a Ford planeja desenvolver uma nova picape para poder competir de igual para igual no segmento que no Brasil é mais bem representado pela Fiat Toro.
Isso pois em seu mercado principal, os Estados Unidos, a Ford terá sua linha de veículos mais centralizada em SUVs, crossovers e picapes.
Com base nisso, sabe-se que a Ford está trabalhando numa picape do tipo monobloco como a Fiat Toro e a Honda Ridgeline.
Ao invés de usar a plataforma do novo Fiesta, a Ford planeja utilizar a mesma plataforma modular do novo Ford Focus.
Com isso, a picape poderia ser construída no México por exemplo e ser vendida na terra do Tio Sam e no nosso mercado, uma vez que muitos dos modelos da Ford vem de lá, como o Fusion por exemplo.
Quanto ao visual da nova picape, pouco se sabe, mas acredita que seria algum meio termo entre a nova identidade empregada no Focus e o visual dos SUVs da marca, como Escape, Edge e Kuga.
Especula-se que a picape tenha nomes regionalizados, por isso aqui se poderia aproveitar o nome da Ford Courier para batizar a nova picape.
O que você acha da idéia?
Outra possibilidade, que hoje seria quase impossível de virar realidade seria a Ford ter uma nova picape para competir com Fiat Strada e Volkswagen Saveiro, utilizando a base do Fiesta produzido por aqui, com visual mais próximo da van fabricada na Europa ou ainda algo mais puxado para o EcoSport.
Quando a Ford lançou a segunda geração do EcoSport, que foi apresentada em 2012, muito se especulava que dali a Ford faria ainda uma picape derivada do pequeno SUV, mas isso infelizmente não aconteceu.
Versões especiais da Courier
Se na versão feita pela Ford na África do Sul a nossa Ford Courier ganhou uma “cabine estendida” por aqui o modelo ganhou uma inédita versão com cabine dupla.
Feita pela preparadora Souza Ramos, a picape entregava espaço para até quatro ocupantes graças a modularidade da fibra de vidro.
O teto dessa Ford Courier era mais ressaltado, para acomodar melhor pessoas mais altas no banco traseiro, mas em contrapartida a caçamba perdia muito espaço.
Não existem números exatos de litragem do porta-malas deste modelo, mas pelas fotos fica claro que a caçamba agora seria basicamente um porta malas pequeno mesmo.
O resultado não era dos mais agradáveis, pois a Ford Courier de cabine dupla ficava com cara de que a parte de cima da carroceria tinha sido feita para um tipo de carro e o restante para outro.
Olhando da perspectiva traseira o modelo tinha um aspecto bem forçado, ainda mais pela janela traseira lateral ser maior que a janela da porta e ser mais alta em relação ao formato da porta e janela tradicional.
Mas essa versão durou pouco mais de que alguns anos no mercado e era feito apenas por encomenda, o que garante que veremos pouquíssimas unidades como esta por aí nas ruas, se é que ainda existam por aí.
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