A pandemia do coronavírus vai derrubar o preço dos combustíveis?

Fonte / Notícias Automotivas

A pandemia do coronavírus tem afetado alguns serviços que antes pareciam não ver qualquer crise econômica. Esse é o caso, por exemplo, dos combustíveis. Com a recomendação de ficar em casa e sair apenas quando realmente é necessário, o uso do carro e as idas aos postos para abastecer se tornaram menos frequentes.

Isso tem afetado de maneira diferente os brasileiros. Existem aqueles que dependem do seu veículo para trabalhar, enquanto outros podem deixá-lo na garagem enquanto esse período de confinamento continuar. Independentemente da situação, todos esperam que a queda nas vendas faça o preço dos combustíveis cair. Mas será que isso realmente tem ocorrido?

O ajuste que não é repassado

No mês de março, quando todo o problema do coronavírus chegou ao Brasil, a Petrobras acumulou uma redução de mais de 40% em suas refinarias. Além disso, com o isolamento social sendo estendido em todo o mundo, o preço do petróleo atingiu os valores mais baixos das últimas duas décadas.

Mesmo assim, como talvez você já tenha notado nos postos de combustível em sua cidade, o valor não tem sido reajustado para o consumidor final. Pelo menos não na mesma proporção. Os motivos disso passam, inicialmente, pelos impostos. Na gasolina, a formação dos preços passa em 45% por esses tributos, enquanto que no diesel o valor é de 24%. Ou seja, não é apenas a diminuição das refinarias que vai fazer o preço final cair.

Outro fator que impede a diminuição dos preços é a situação dos próprios estabelecimentos. Com a queda vertiginosa nas vendas, os donos dos postos estão segurando o mesmo preço para sustentar seu negócio, o que inclui vários colaboradores que dependem disso para sustentar suas famílias.

Mesmo assim, não existem indícios de que teremos falta de gasolina, etanol ou diesel num futuro próximo. Uma situação diferente do que já ocorre em outros países, como a Venezuela, que está quase sem gasolina. Com isso, foi estabelecido que apenas equipes médicas, quem trabalha com transporte de alimentos, militares ou quem tiver uma autorização especial pode abastecer.

É uma situação complexa, mas o cenário deve permanecer nas próximas semanas.

O outro lado do problema

Ninguém sabe quanto tempo a pandemia do coronavírus vai durar, por isso muitos ainda se preocupam com alguma paralisação no abastecimento dos postos. Apesar de estarem usando menos seus veículos, a maioria dos brasileiros precisa ter o necessário para qualquer emergência.

Mas essa situação também tem o outro lado, que são aqueles que dependem disso para sobreviver. Muitos funcionários temem perder seus empregos ao passo que veem a preocupação dos empresários com a enorme queda nas vendas.

Nas principais capitais brasileiras, o cenário ilustra bem o que acontece em todo o país. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os maiores mercados, a queda nas vendas de combustíveis é de 40% a 50%. Em Porto Alegre, ela chega a 80% segundo o Sulpetro, sindicato do setor na região.

Além da baixa procura pelos combustíveis, a situação afetou também as vendas nas lojas de conveniência, onde normalmente existe uma margem e um lucro maiores. Se menos pessoas estão abastecendo seus carros nesse período, pouquíssimas vão pensar em comprar algo nesses estabelecimentos. Se existe a necessidade, é melhor ir ao supermercado e fazer uma compra maior.

Se a situação atual preocupa, é o cenário pós-pandemia que deixa o setor ainda mais temeroso. A expectativa é que o perfil de consumo de combustíveis no Brasil mude, já que certamente teremos uma economia fragilizada e muitas pessoas desempregadas quando tudo passar. Colocar o combustível no carro não vai ser a preocupação principal da maioria dos brasileiros.

Tudo isso gerou uma mobilização em busca de apoio do governo, que já anunciou uma medida para apoiar pequenas e médias empresas, o que deve ajudá-las a pagar o salário de seus empregados. Para a maioria dos postos, porém, isso não vai ajudar, pois o programa envolve apenas quem tem um faturamento de até R$ 10 milhões por ano.

Se a ajuda do governo não aparecer logo, as demissões devem começar a ocorrer. Para o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, poderemos ver “uma quebradeira em massa dos postos”.

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