Após melhor mês do ano, Fenabrave teme escalada da Covid-19, volta do IOF e falta de produtos

Para entidade, restrições podem esvaziar concessionárias e reduzir vendas em dezembro
PEDRO KUTNEY, AB 

Ao divulgar na quarta-feira, 2, o balanço consolidado mensal de emplacamentos, a Fenabrave (associação dos distribuidores de veículos oficiais dos fabricantes) confirmou que novembro foi o melhor mês de vendas do ano, com 214,2 mil emplacamentos de automóveis e comerciais leves, em alta de 4,4% sobre outubro e queda 7,2% ante o mesmo mês de 2019. Apesar de o resultado apontar para o fechamento de 2020 com cerca de 1,95 milhão de unidades vendidas, em retração de 27%, a entidade preferiu manter certa cautela e manteve sua projeção um pouco mais baixa, feita em outubro passado, de 1,88 milhão (-29%).

Para Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave, a recente escalada dos contágios por Covid-19, e o consequente reaperto nas restrições ao funcionamento de estabelecimentos comerciais, ainda poderá puxar para baixo o resultado de dezembro. Ele também destaca outro fator que colabora para reprimir os negócios: a volta da cobrança de IOF que encarece os financiamentos no momento em que a boa oferta de crédito tem ajudado a sustentar as vendas.

“Nos últimos meses os clientes estão confiantes na tomada da decisão de compra, aproveitando o crédito disponível que até os últimos dias de novembro contou com a isenção do IOF. Agora podemos sofrer impactos negativos nas vendas em função do fim antecipado da alíquota zero do imposto. Além disso, estados como São Paulo – que sozinho responde por mais de 25% do mercado nacional – voltaram à fase amarela, o que reduz carga horária de funcionamento das concessionárias e o volume de clientes atendidos em loja”, avalia Alarico Assumpção Jr.

 

No acumulado de janeiro a novembro, o total de 1.72 milhão de veículos leves emplacados aponta retração de 28,6% contra o mesmo período de 2019. Assumpção Jr. observa que o resultado podia ser melhor se a indústria conseguisse atender toda a demanda: “Ainda observamos que a produção não retornou aos patamares de antes da pandemia, principalmente por causa da falta de peças e componentes, o que continua trazendo problemas na disponibilidade de alguns modelos”, completa o presidente da Fenabrave.

Com isso, a Fenabrave preferiu não mexer nas projeções e vai deixar para avaliar os números finais do ano em janeiro, quando também promete divulgar novas previsões para 2021.