Wall Street cai com temores sobre economia

Integrantes do Fed defendem necessidade de novos estímulos; Nasdaq termina com queda de 3%

Por Gabriel Roca e Rafael Vazquez — De São Paulo
Valor Econômico – 24/09/2020

Membros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) afirmaram em consonância ontem que mais estímulos fiscais são necessários para dar suporte à economia americana. No entanto, a probabilidade de que um novo pacote de ajuda governamental seja aprovado antes das eleições americanas é cada vez menor, na visão de investidores e analistas. Assim, o que se viu em Wall Street foi mais um pregão marcado pela aversão ao risco, com queda expressiva nas ações e nova alta do dólar.

Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o Dow Jones terminou o dia em queda de 1,92%, aos 26.763,13 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 2,37%, aos 3.236,92 pontos. O índice eletrônico Nasdaq caiu 3,02%, a 10.632,99 pontos. O índice de volatilidade do S&P 500, o VIX, conhecido como “termômetro do medo de Wall Street”, encerrou o pregão em alta de 7,97%, aos 29 pontos.

A queda de ontem coloca o S&P 500 próximo de acumular perdas de 10% de seu pico recente, do dia 2 de setembro, e entrar em território de correção. No período, o índice amplo de ações de Nova York registra desvalorização de 9,61%. Já no acumulado deste mês, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq têm perdas de 5,86%, 7,52% e 9,70%, respectivamente.

No início do dia, os índices de gerentes de compras (PMIs) da Europa apontaram para uma desaceleração expressiva do setor de serviços no continente, fator que foi atribuído à recente nova onda de infecções de covid-19 nos países da União Europeia. A leitura preliminar do PMI de serviços caiu a 47,6 pontos neste mês, de 50,5 pontos em agosto.

Os investidores temem que o padrão se repita nos EUA, onde os números relacionados à pandemia também pioraram recentemente. “Os dados nacionais de covid-19 nos EUA nos últimos dias são inequivocamente ruins. O número de casos confirmados na terça-feira foi apenas 1,7% maior do que há uma semana, mas seguiu-se a um salto, de 55%, na segunda-feira”, afirmou o economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, Ian Shepherdson, que alerta que os números de hospitalizações e mortes no país podem voltar a subir nas próximas semanas.

O cenário de uma pandemia ainda não completamente controlada amplia as incertezas dos agentes financeiros sobre a sustentabilidade da recuperação econômica nos EUA. Analistas e autoridades do país têm reforçado que estímulos fiscais adicionais são necessários para impulsionar a atividade e aliviar os efeitos negativos que a crise sanitária ainda provoca na economia.