
Autopeças brasileiras voltam a ser competitivas no cenário internacional
ALEXANDRE AKASHI, PARA AB
Diante do atual cenário econômico e com vendas cada vez menores de veículos zero quilômetro, o setor de autopeças deve mirar nas exportações e aftermarket para contornar a crise. Esta é a opinião do presidente do Sindipeças, Paulo Butori, que participou do VI Fórum da Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business na segunda-feira, 6. “É o momento de tentar exportar, com o dólar mais alto, ajuda na competitividade”, afirmou Butori ao comentar que as empresas devem também investir na busca de produtividade.
O presidente do Sindipeças disse ainda que para ajudar as empresas brasileiras a buscar novos negócios no exterior, o sindicato oferece estandes nas principais feiras internacionais por US$ 1.000. “Praticamente só precisa pagar os custos da viagem, e um pequeno valor do estande”, disse Butori que participou do painel As Tendências para Autopeças, juntamente com o diretor da A.T. Kearney, David Wong, e o diretor da Deloitte, Maurício Muramoto.
O painel contou com pesquisa interativa, que revelou a opinião do público presente, em relação a diversas questões sobre o atual cenário da indústria automotiva nacional, que segundo dados da Fenabrave, registrou queda de 17% nas vendas de veículos leves e pesados no primeiro trimestre de 2015, em relação a igual período do ano passado, com comercialização de 674,4 mil unidades.
A DESVALORIZAÇÃO DO REAL
Para Paulo Butori, do Sindipeças, a queda da moeda reflete o fato de que muitos aproveitaram quando o dólar estava na faixa de R$ 1,60 para modernizar os parques fabris. Porém, ressalta que o real desvalorizado favorece as exportações. “O governo já tinha de ter liberado o câmbio há muito tempo”, disse.
Já Maurício Muramoto, da Deloitte, ressalta que muitos ainda dependem de importação, principalmente quem trabalha com eletrônicos, e o repasse dessa alta de preços não é fácil.
VENDAS DE 2015
Segundo Butori, as vendas anuais fecharão entre 2,8 milhões e 3 milhões. Para ele, é um pessimismo preocupante, fruto de uma somatória de fatores que no final reflete na diminuição das vendas.
Já David Wong, da A.T. Kearney, comenta que existe a possibilidade de as vendas ficarem bem próximas a 2,8 milhões, ao lembrar que durante a crise de 1997 e 1998, quando houve queda no PIB, o mercado recuou 28%.
A QUEDA NO MERCADO AUTOMOTIVO
Butori discorda que a queda seja igual para montadoras e autopeças, já que, para ele, as montadoras saem com a maior perda. Segundo ele, o número de fábricas de autopeças não aumentou, ao contrário da quantidade de montadoras instaladas no País, além de ações como a rastreabilidade de autopeças, o câmbio e a reposição ajudarem no desempenho do setor.
No entanto, Maurício Muramoto, da Deloitte, discorda e afirma que toda a cadeia será prejudicada, e ainda haverá pressão por parte das montadoras para redução de preços nas autopeças.
MARGEM REDUZIDA NOS FORNECIMENTOS
Paulo Butori comentou que este sempre foi um grande problema do setor automotivo. “Somando este nosso sócio com as margens reduzidas nos fornecimentos, temos quase 60% do problema do setor de autopeças”, disse. David Wong concorda com Butori e complementa: “A questão da tributação ainda vai piorar este ano”, afirmou.
No entanto, Maurício Muramoto comentou que os empresários precisam ter uma postura mais pragmática para a questão, uma vez que quem determina os impostos é o Governo e a indústria não tem poder para mudar os valores cobrados. Para ele, é importante mudar a visão e atacar o problema por meio de investimentos em produtividade.
OCIOSIDADE
Sobre a questão da ociosidade, Butori comentou que provavelmente ficará acima de 40%, caso o mercado se mantenha do jeito que está. “Em 2016 a tendência é diminuir, se o câmbio ajudar”, disse. Wang e Muramoto concordam com o
Fonte: Automotive Business