Um dos grandes progressos na engenharia automobilística dos últimos anos tem ocorrido no nível de conforto a bordo. Essa é uma exigência de todos os tempos e, mais ainda, hoje. Um motorista precisa se cansar cada vez menos ao volante para enfrentar as tensões diárias do trânsito ou as longas viagens rodoviárias. Essa preocupação levou, inclusive, a se acrescentar, além da segurança ativa (evita acidentes) e passiva (diminui as conseqüências), o novo conceito de segurança preditiva: estuda itens de conveniência e conforto de forma a quem está ao volante tenha tranqüilidade e prazer no ato de dirigir.
Os centros de pesquisas concluíram que se trata de uma preocupação indispensável no projeto de um veículo. O interesse passa por vários campos a explorar, desde a boa climatização (fria e quente) até os sofisticados sistemas de entretenimento. Criou-se, entre outras, uma sigla em inglês para deixar os engenheiros de cabelo em pé: NVH (Noise, Vibration and Harshness ou Ruído, Vibração e Aspereza). Frequentemente os três problemas se entrelaçam e concentram um imaginável potencial de distração e cansaço, sendo responsáveis por acidentes às vezes fatais.
Os marqueteiros também consideram que um carro mais silencioso passa a sensação de qualidade diferenciada almejada pelos fabricantes. Os especialistas se debruçaram sobre o problema e caçam fontes de ruído e vibração por todo o carro. Nada escapou, nem mesmo o para-brisa, por estranho que pareça.
É fácil entender por quê. O motor gera vibrações em baixas frequências que são percebidas através do ruído, sem contar o de fonte aerodinâmica, em alta frequência, causado pelo vento e o automóvel em movimento. Todo vidro transmite ruídos, tantos os laterais como o próprio para-brisa. Este acirra o problema, pois é colado à superfície da carroceria. Daí surgiu a ideia do para-brisa acústico, desenvolvido pela Saint-Gobain, a fim de atenuar o nível de ruído no habitáculo.
Todos os para-brisas originais são laminados, ou seja, formados por duas camadas de vidro e uma intermediária de plástico translúcido. As pesquisas levaram a uma nova geração do plástico PVB (polivinil butiral) com características antirruído. A espessura se manteve e, assim, a tecnologia pode ser aplicada nas peças em produção, sem modificações no projeto do veículo. Outra boa vantagem é manter a eficácia em relação às fontes de baixa e alta frequência, sem aumentar o peso do para-brisa.
Contra ruído de vento o ganho chega a nada desprezíveis 5 dB (A) de pressão sonora. Também se mostrou eficiente ao longo de toda a gama de regime do motor, em especial no nível máximo de rotações em propulsores de ciclo Otto (álcool ou gasolina). Uma qualidade também apreciada pelos projetistas é a possibilidade de redução da espessura do para-brisa – para diminuir seu peso –, conservando o conforto acústico.
O grau de comunicação a bordo melhora sensivelmente, seja para conversação (tecnicamente, índice de articulação), curtir o sistema de áudio ou utilizar o recurso de viva-voz dos telefones celulares. Um dos primeiros modelos a adotar o para-brisa acústico é o novo Volkswagen Golf, sexta geração, lançado na Europa no segundo semestre de 2008.
Fonte: Automotive Business