Análise de qualidade em jogo no setor automotivo


Os recentes recalls da Toyota levantaram a discussão sobre qualidade na indústria automotiva. Alguns modelos da montadora apresentaram problemas no carpete do carro, com possibilidade de interferência no pedal do acelerador, e outros no próprio pedal que pode travar ou responder lentamente. No total são 7,2 milhões de automóveis nos EUA, Europa e China.

Se há meios eficientes de verificar o funcionamento e a segurança do automóvel, por que então há veículos que ainda chegam ao mercado com problemas tão sérios?

Para o engenheiro de qualidade de desenvolvimento de produtos da General Motors, Joel Soares Anjos, o fato do fabricante realizar um recall mostra preocupação com a qualidade e o cumprimento da legislação vigente no país quanto a segurança veicular. Por outro lado, os proprietários de automóveis envolvidos em um problema como este podem ficar insatisfeitos. “A primeira pergunta do cliente é por que a situação não foi resolvida antes de chegar até ele”, comenta.

Entre as ferramentas disponíveis para avaliar a confiabilidade de um veículo está a análise estatística de Weibull, que usa dados de ensaios acelerados realizados em laboratórios ou em campo de provas para descrever o comportamento de um veículo e predizer falhas.

Outra possibilidade é utilizar dados de falhas de campo ocorridas durante o período de garantia e coletados pelas concessionárias, já que as revendas mantém um banco de dados com essas informações. Este database apresenta dados reais do desempenho em campo do automóvel.

Anjos enfatiza que ferramentas para detectar problemas e predizer a confiabilidade de um produto o setor tem, a questão é se elas estão sendo bem aplicadas. “A metodologia existe, assim como os recursos da informática que viabilizam a aplicação. Acredito que isso não precisa ser melhorado. O que temos que discutir é como as empresas, não somente as montadoras, mas também os fornecedores e sub-fornecedores, têm utilizado estes recursos”.

O engenheiro comenta que qualquer anormalidade observada durante a análise estatística da confiabilidade do veículo, ainda que de baixa incidência, deve ser estudado a fundo e solucionado para evitar futuros problemas como o caso ocorrido em 2000 do Ford Explorer, que teve um recall mundial por problemas nos pneus.

Foto: divulgação/Nissan

Fonte: Automotive Business