
Montadoras vislumbram futuro promissor apesar de crise instalada
SUELI REIS, AB
Os próximos meses ainda são incógnitos quando o assunto é mercado de veículos, mas para a Anfavea, entidade que reúne as montadoras no Brasil, o segundo semestre deve se mostrar um pouco mais alentador com relação ao primeiro. É o que atesta seu presidente, Luiz Moan, durante a apresentação que abriu os trabalhos do VI Fórum da Indústria Automobilística, promovido por Automotive Business na segunda-feira, 6, em São Paulo.
Projeções de fato só serão anunciadas por Moan na terça-feira, 7, em seu encontro mensal com a imprensa, sobre o qual adianta: “Sem dúvida, as previsões serão menores do que as que estávamos esperando.” Contudo, o executivo admite que a indústria atravessa um início de ano extremamente difícil, mas faz questão de mostrar certo otimismo, apostando em retomada a partir do terceiro trimestre.
“Tenho ouvido previsões de queda para o ano na ordem de 7%, 10% e até de 12%, a maior que ouvi até agora. Se neste primeiro trimestre a queda das vendas de veículos foi de 17% com relação ao mesmo período de 2014, é óbvio que os próximos meses serão melhores, haverá uma retomada e nossa expectativa é que isso aconteça a partir de agosto ou setembro”, afirma.
O presidente da Anfavea reforça que a entidade já projetava um primeiro trimestre difícil, com o segundo estável e o terceiro de retomada. “O que acontece é que primeiro trimestre veio extremamente complicado, com queda de 17% das vendas”, citando os dados divulgados pela Fenabrave.
Diversos fatores contribuem para este cenário, relembra Moan, entre eles, a restrição do crédito, o aumento do custo de produção em toda a cadeia produtiva insumos, energia elétrica, o custo crescente na mão de obra, a nova política de ajustes fiscais no Brasil e a crise crescente na Argentina, que segue com situação macroeconômica estagnada, além do agravante das eleições que ocorrem ainda este ano no país vizinho.
“Mas nada causa maior impacto do que a queda da confiança do consumidor e a queda da confiança do investidor. Isso reflete nas retrações bastante contundentes que observamos no primeiro bimestre -23% e no trimestre -17%.”
A pesquisa eletrônica, realizada com a plateia durante o painel de abertura do Fórum mostrou que 62,3% dos presentes avaliam que o setor passa por uma crise intensa, enquanto 36,8% analisa a crise como moderada. “Este momento [de crise] é absolutamente pontual e conjuntural. O futuro é extremamente positivo”.
FUTURO PROMISSOR
Em um estudo interno, a Anfavea aponta que o mercado brasileiro ainda tem muito potencial a ser explorado: dados da entidade indicam que as vendas domésticas chegarão ao patamar de quase 7,5 milhões de unidades em 2034. “Este é o cenário de futuro que nós temos e que justifica a massa de investimento que estamos realizando no Brasil”, defende Moan, acrescentando que o País encerrou 2014 ainda como o quarto maior mercado automobilístico do mundo, posição que deve perder este ano: “Até o fechamento do primeiro trimestre, ainda ocupamos a quarta posição no ranking global. Para 2015, devemos ser o quinto maior mercado”, projeta.
Para sustentar o crescimento do mercado no médio e longo prazos, Moan reforça a necessidade de investimento na cadeia de suprimentos, nas áreas de matéria-prima e autopeças, para que acompanhem o ritmo de aceleração do mercado.
“Temos conversado com o governo a fim de definir um programa para estimular e incentivar a produção de autopeças na região América do Sul. Reforço que uma montagem mais forte e consistente para as montadoras depende de uma cadeia também mais forte, precisamos trabalhar juntos para construir uma base sólida de produção.”
Questionado sobre o setor de autopeças, ele revela que o programa de rastreabilidade, que prevê o mapeamento dos componentes nacionais, deve começar a funcionar entre maio e junho deste ano. Sobre o dól
Fonte: Automotive Business