Apostas para empate ou crescimento moderado em 2009

Com a presença de 19 presidentes de montadoras, empresas de autopeças, consultorias e entidades setoriais, o seminário AutoData Perspectivas reuniu cerca de 1.400 pessoas dias 27 e 28 de outubro, no Hotel Sheraton WTC, em São Paulo, para avaliar os cenários da indústria automobilística em 2009. Na platéia, representada em dois terços por executivos do setor de autopeças, havia uma grande expectativa para ouvir informação de fonte segura para a revisão do planejamento e do budget. Palestrantes e debatedores deixaram claro que a crise global é grave e atingirá o Brasil em alguma medida, mas advertiram que é preciso esperar pelo menos até o final do ano para ter cenários mais consistentes para o planejamento. A maioria procurou demonstrar confiança da superação das dificuldades e assegurou a manutenção dos investimentos. Jackson Schneider, presidente da Anfavea, reafirmou que os projetos das montadoras estão de pé. Os presidentes da GM, Fiat, Volkswagen, Renault e PSA Peugeot Citroën confirmaram e disseram que os resultados de vendas em 2009 vão depender da liquidez na economia e disponibilidade de crédito no varejo. Nos bastidores, todos pareciam aceitar que um empate técnico entre 2008 e 2009 será bom, permitindo a reorganização da cadeia de produção, mas houve apostas também em avanço de 5% a 10% nas vendas internas. Esta é a expectativa, por exemplo, do presidente Sergio Reze, da Fenabrave, que refutou com veemência a existência de enormes estoques de carros usados na rede de distribuição – algo como 1,2 milhão de veículos. O encalhe dos usados estaria travando totalmente o varejo. “Isso é catastrofismo. Se quisermos alimentar a crise basta acreditarmos em boatos como esse”. Ele destacou a importância do crédito e de prazos para garantir as vendas e também a atuação dos bancos das montadoras para atender o financiamento até mesmo nos sábados e domingos. De um modo geral, houve um alerta durante o seminário para a falta de liquidez no mercado. Há consenso de que os juros dos financiamentos aumentarão, os prazos serão menores e haverá exigência de entrada, da ordem de 20% a 30% do valor financiado. Reze reclamou da demora na liberação de crédito na compra de caminhões, por meio de Finame: a espera supera dois meses. O BNDES, cujos empréstimos este ano devem superar em cinco vezes os de 2007, está encontrando dificuldade em obter recursos baratos para emprestar com juros de TJLP, como acontece quando obtém dinheiro do FAT para os financiamentos (29 de outubro).
Fonte: Automotive Business