Balanço do quadrimestre e cenários para o setor automotivo

Com uma queda de 6,9% na produção de abril (sobre março) e no quadrimestre ao nível de 16,4%, começa a preocupar a indústria automobilística a possibilidade de perder o incentivo que tem representado a redução do IPI nas vendas de veículos.

Em abril, mês com três feriados, a produção foi de 254.732 unidades. A soma dos veículos montados ao longo deste ano foi de 916.225 unidades. Em 2008, no mesmo período,foram montadas 1.095.460 unidades.

Com as exportações em queda livre (50,3% no quadrimestre, como um todo, e de 65,8% para caminhões e ônibus), as linhas de montagem reduziram a velocidade. No ano passado foram vendidos para o exterior 247.701 veículos, montados ou desmontados, no primeiro quadrimestre. Este ano, apenas 123.101 unidades.

O efeito negativo das exportações na produção fica acentuado quando combinado com a elevação das importações de veículos. Os importados, em geral de alto valor agregado, como os Tucson e Azera, respondem agora por 15% dos licenciamentos (13,3% ao longo de 2008 e de 11,3% em 2007).

Com o segmento de carros de luxo (importados) em alta e fora da crise, restaria torcer para uma recuperação das nossas vendas a outros países. Mas nossos parceiros lá fora, como Argentina e México, estão à míngua.

A Anfavea mantém a previsão de se exportar este ano o equivalente a 500 mil veículos, com uma queda de 32% em relação ao ano passado (735 mil unidades). Há quem não aposte nisso e projete vendas externas inferiores a 350 mil unidades este ano.

A Anfavea estima para 2009 uma produção de 2,86 milhões de veículos, incluindo caminhões e ônibus. Se isso acontecer, haverá uma queda de apenas 11,2% em relação a 2008. Nada mal – era mais ou menos isso que se previa já por volta de setembro ou outubro do ano passado.

A CSM Worldwide, consultoria especializada no mercado automotivo global, prevê para 2009 no Brasil uma produção de 2,69 milhões de veículos leves e cerca de 150 mil caminhões e ônibus. Na soma, a previsão praticamente empata com a estimativa da Anfavea.

A indústria automobilística brasileira dependerá, este ano, de um mercado interno forte, o que certamente levará o setor a reivindicar, nos bastidores, a prorrogação do IPI reduzido até o final do ano.

Vendas

O licenciamento de veículos novos em abril foi de 234.390 unidades, com uma queda de 13,7% em relação às 271.442 unidades de março e de 10,3% sobre as 261.246 unidades de abril do ano passado.

A queda nas vendas é explicada pelos três feriados no mês e a uma antecipação de compras em março, quando havia dúvidas sobre a prorrogação da redução do IPI na compra de veículos novos.

A Anfavea projeta venda de 2,71 milhões de veículos este ano, incluindo caminhões e ônibus, com um recuo de 3,9% em relação ao ano passado.

Nível de emprego

O número de postos de trabalho no final de abril era de 120.754. Houve uma queda de 1,1% em relação a marco (122.052). A queda foi atribuída à redução nas exportações. Em abril do ano passado havia 125.870 profissionais trabalhando diretamente nas montadoras.

Estoques

O estoque de veículos nas montadoras e pátios de concessionários somava 203.930 unidades no final de abril, o que corresponde a 26 dias de comercialização. No final de março o estoque estava em 165.460 unidades (18 dias).

Fonte: Automotive Business