da Folha Online, em Brasília
Atualizada às 15h46
O BC (Banco Central) vai emprestar até US$ 36 bilhões das reservas internacionais para empresas com dívidas no exterior que vencem até dezembro de 2009. A estimativa é que cerca de 4.000 empresas brasileiras ou multinacionais com negócios no país sejam beneficiadas com a medida.
A instituição divulgou nesta quinta-feira as novas regras para esses empréstimos, que têm como objetivo compensar a falta de crédito internacional para essas companhias –as linhas de crédito estão mais apertadas por conta da instabilidade gerada pela crise internacional.
Todas as empresas que possuem dívidas que vencem ou venceram entre outubro de 2008 e dezembro de 2009 terão sua demanda atendida. O BC espera uma demanda de US$ 20 bilhões, já que o restante deve ser obtido pelas empresas no próprio mercado financeiro.
“Não há limite por empresas a não ser aquele definido pelo total de empréstimos que vencem nesse período”, afirmou o presidente do BC, Henrique Meirelles.
Não haverá leilões. O BC fixou uma taxa de juros em 1,5% + Libor (taxa internacional de juros) que será cobrada em todas as operações.
Nesse processo, a empresa procura um banco comercial e apresenta uma declaração de que tem dívidas externas a vencer nesse período. A instituição financeira vai fechar um contrato com a empresa cobrando um “spread” (ganho) sobre a taxa do BC. Também será fechado um contrato entre o banco e o BC, que vai repassar o dinheiro em datas específicas.
Já há três datas fixadas: 27 de fevereiro, 13 de março e 27 de março. Haverá outras datas fixadas posteriormente.
Nesse primeiro momento, os empréstimos serão feitos apenas por meio de bancos autorizados a operar em câmbio no Brasil. Dentro de 30 dias, serão divulgadas as regras para bancos estrangeiros de rating A.
O empréstimo vale pelo prazo de um ano e, durante esse período, esse dinheiro continuará sendo contabilizado como parte das reservas internacionais, como se fosse uma aplicação dos dólares. Hoje, 75% dos mais de US$ 200 bilhões das reservas estão aplicados em títulos do governo dos Estados Unidos.
O BC afirmou que não irá utilizar, portanto, a linha de crédito de US$ 30 bilhões fechada no ano passado com o Federal Reserve (banco central dos EUA). Essa linha foi prorrogada nesta semana pelo prazo de mais seis meses.
“Esse é um passo importante para a regularização da situação de crédito no país. É um fator muito importante para geração de empregos e para que se mantenha o nível de atividade na economia”, disse Meirelles.
Fonte: Folha Online