
Novo presidente quer apoiar formação de engenheiros no País
PEDRO KUTNEY, AB
Wilson Bricio, presidente da ZF América do Sul, assumiu a presidência da VDI-Brasil, a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha, com discurso pró-inovação. Na plateia durante a cerimônia de posse realizada na sexta-feira, 27 de fevereiro, estava o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação MCTI, Aldo Rebelo, que ouviu o alerta: “Neste momento em que existem riscos de desindustrialização, o setor que apoiou a criação da classe média emergente precisa de investimentos em inovação. Sem isso não temos desenvolvimento sustentável”, destacou o executivo. “Queremos que a engenharia nascente tenha a perspectiva de construir um País maior”, acrescentou Bricio. Ele já era vice-presidente da entidade e substitui Christian Müller, que esteve à frente da VDI-Brasil nos últimos dois anos.
Como resposta ao seu alerta, Bricio ouviu do ministro: “As portas do Ministério estão abertas”, disse Rebelo ao se despedir do novo presidente da VDI-Brasil, que reúne cerca de 800 sócios no País e tem convênios de colaboração com entidades representativas de diversos segmentos. Bricio avalia que pode aumentar a interlocução com o MCTI para apoiar projetos de inovação e a formação de engenheiros no País. “Existem muitas linhas de financiamento ao desenvolvimento tecnológico que sequer são usadas pelas empresas por falta de projetos qualificados. Podemos ajudar a criar políticas para melhorar essa situação”, diz o dirigente.
PROGRAMAS PARA O BRASIL
Para Bricio, seus principais desafios à frente da associação são aumentar a cooperação tecnológica entre Brasil e Alemanha, estimular a formação de engenheiros e ajudar a criar cultura de inovação no País. Segundo ele, a VDI é a maior entidade de classe voltada ao desenvolvimento tecnológico da Alemanha, com 153 mil associados. “Existem muitos programas e práticas da VDI que podemos trazer nesse momento de carência generalizada, tanto em quantidade como em qualidade, de engenheiros no País”, disse.
Um desses programas, que Bricio diz ser a “prioridade número um”, é a organização de visitas a escolas de primeiro e segundo graus, para apresentar a carreira de engenharia e assim estimular estudantes a segui-la. “Isso é feito pela VDI com muito sucesso na Alemanha. Precisamos fazer aqui também e desmistificar a engenharia”, defende.
Bricio, que já atua há oito ano na Câmara Brasil-Alemanha, onde ajudou a fundar o departamento de inovação, quer agora que em sua gestão a VDI apoie a criação de oportunidades para engenheiros e a inovação no Brasil. “Esse é o único caminho para aumentar a produtividade da indústria no País, que está muito atrasado em relação a outros países. Mas para isso é preciso criar infraestrutura para formar engenheiros com cultura de inovação, que não apenas venham repetir processos já existentes. Se alguma coisa precisa melhorar, ela tem de mudar”, pondera. Ele avalia que a graduação em engenharia é deficiente no Brasil: “É difícil formar alguém que trabalha o dia inteiro e vai para a faculdade à noite. O modelo de ensino dual alemão de aprendizagem na prática, em que o aluno é empregado na área que está se formando e seu trabalho tem peso na avaliação pode ser uma saída”, destaca.
MOMENTO DESFAVORÁVEL
Apesar do momento desfavorável de contração econômica no Brasil, Bricio defende que o foco das empresas e seus executivos deve ser o do crescimento a longo prazo. “Estamos pagando o preço de algumas políticas equivocadas, mas depois disso temos todas as condições de voltar a crescer. O País entrou no grupo das maiores economias do mundo nos últimos anos, houve progressos”, aponta.
O problema, segundo Bricio, é passar pelo mau momento. “Com o descrédito do Brasil, as empresas têm dificuldade de aprovar investimentos, justamente quando precisamos investir para aumentar nossa competitividade. Essa situação atrasa a inovação e cria dificuldades de p
Fonte: Automotive Business