
“Tecnologia com alto custo já existe no mercado. Nossa meta é apresentar técnicas com muita inovação e preço baixo. Isso para tornar as indústrias locais competitivas com a China”, explica Alexandre Martins Barros, diretor do Instituto SENAI de Inovação em Engenharia de Superfícies. A instituição vem desenvolvendo uma série de produtos que prometem otimizar e aumentar a qualidade de várias metodologias da indústria automobilística.
O Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) funciona, de acordo com o diretor executivo José Policarpo de Abreu, como um elo entre a pesquisa e a indústria. As empresas levam problemas ao local e os 202 técnicos apresentam soluções e/ou produtos viáveis para resolvê-los. O centro de pesquisa gerido pelo sistema SENAI FIEMG funciona em Belo Horizonte desde 2013. Mas, no setor automobilístico, o trabalho começou bem antes, em 1977, quando os laboratórios faziam parte de um complexo chamado CETEC.
O CIT oferece tecnologia de ponta para auxiliar as instituições brasileiras. Além da mão de obra e do maquinário especializados, as pesquisas têm o apoio de parceiros com relevância mundial como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o Instituto de pesquisa alemão Fraunhofer e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Projetos em andamento
Grande parte das inovações desenvolvidas no CIT não podem ser divulgadas com maiores detalhes. As patentes ainda estão em análise e as fabricantes parceiras não querem dar pistas dos novos projetos às concorrentes. Mas adiantamos o que podemos: em breve teremos tinta automotiva resistente a riscos, peças que desgastam bem menos e mais assertividade no que tange os lubrificantes.
Os projetos são do Laboratório de Superfícies. O doutor Alexandre Barros conta que, em conjunto com a Embraer, está trabalhando em uma fórmula de aerogel, já utilizado pela NASA, mas de menor custo. O líquido tem propriedades relevantes para a indústria automobilística: é isolante térmico e acústico. A difusão do aerogel brasileiro ajudaria, por exemplo, no conforto e na economia de combustível. Mesmo com o carro exposto ao sol durante horas, o ar-condicionado não precisaria ser acionado quando o condutor voltasse a dirigir.
A tinta, que possui uma série de propriedades de resistência, foi criada no CIT a partir de nanopartículas. Os testes também foram realizados aqui, em câmaras que simulam batidas de pedra nos para-choques, condições temporais de cidades litorâneas e ação dos raios ultravioleta (UV). Experiências são realizadas por terceiros para validar a resistência e qualidade de produtos utilizados por grandes fabricantes.
MAIS ECONOMIA Com as amostras colocadas nos tribômetros, instrumentos capazes de medir atrito e desgaste, os especialistas conseguem prever a vida útil das peças de motores sem ter que montá-los e simular a rodagem. O que viabiliza a pesquisa com materiais e fornecedores diferentes, e assegura que a fonte escolhida para integrar os motores sejam a de maior durabilidade.
Máquinas de plasma, que depositam diamante na superfície de algumas peças automotivas para diminuir o coeficiente de atrito, também são utilizadas no laboratório. “O diferencial da técnica desenvolvida aqui é o revestimento de baixo custo com a mesma durabilidade. A escolha da máquina é uma das variáveis que possibilita a diminuição no valor”, afirmou Alexandre Barros.
Motores e emissões
Os laboratórios ligados ao Instituto SENAI de Tecnologia Automotiva trabalham a todo vapor. Alguns deles, 24 horas por dia. É o caso do Laboratório de Ensaios de Motores, que desenvolve novas tecnologias para propulsores, adapta os projetos internacionais de motorização à peças disponíveis no mercado nacional e realiza testes para as principais fabricantes.
O diretor do Instituto, Pompílio Furtado, explica que, antes da liberação de um motor, são feitas 800 horas de ensaio de durabilidade. “Damos o apoio para a indústria local desenvolver o motor e a medição de todos os parâmetros”, destaca. Tal serviço é prestado desde 1978. O laboratório é o que presta serviço ininterrupto há mais tempo para a indústria automobilística brasileira.
Seguindo tendências globais, o Laboratório de Emissões Veiculares, que faz testes de emissões de gases de escapamento e evaporativas, trabalhou por três anos em parceria com o Grupo Fiat Chrysler (FCA) em um projeto para diminuir o índice de substâncias tóxicas emitidas no processo de combustão do carro e, por conseguinte, baixar o consumo dos veículos. A pesquisa estava ligada a ações da fabricante no programa Inovar-Auto.
COMO ACONTECE? São feitas medições (veja nas fotos abaixo) e ajustes na programação da central eletrônica para que a emissão de monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e hidrocarbonetos totais esteja dentro dos limites das normas nacionais. O processo ainda é realizado para a FCA. Durante muitos anos, a Ford também teve contrato com o CIT.
Laboratório aberto
O Centro de Inovação e Tecnologia SENAI FIEMG tem um espaço aberto para quem tem boas ideias, mas precisa de ajuda especializada com materiais, maquinário, análise de viabilidade e até espaço físico. Conheça mais sobre a estrutura e a consultoria do Laboratório Aberto.

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