Mudança na lei permite transferência de dívidas de financiamentos.
Priscila Dal Poggetto
Do G1, em São Paulo
Com os financiamentos prejudicados pelo receio do consumidor em adquirir dívidas em período de crise e pela restrição dos bancos em liberar crédito, o consórcio volta a ser opção atrativa no mercado de veículos novos. A vantagem é que essa modalidade é uma poupança programada que não inflaciona por não depender da ficha cadastral do consumidor. Assim, o sistema pode ajudar o setor a sair da crise, como uma alavanca nas vendas de veículos em longo prazo.
E o “empurrão” para o brasileiro adotar esse sistema no lugar dos financiamentos foi dado agora pelo governo. A partir desta sexta-feira (6), entrou em vigor a Lei 11.795, que muda algumas antigas normas do Banco Central.
Para quem não pode fechar o negócio à vista e não tem pressa em adquirir o carro novo, os especialistas apontam o consórcio como a melhor opção, já que a grande desvantagem do consórcio é não saber quando será sorteado, ou seja, quando poderá comprar o veículo.
“O consórcio é sempre uma opção boa, recomendável para o consumidor que não tem pressa em tirar o carro. É uma opção mais racional, pelo custo menor. Principalmente quando os juros aumentam, os prazos diminuem e a rigidez de crédito é maior, o consórcio se torna ferramenta mais atrativa”, afirma o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro.
Aumento da procura
De acordo com o presidente nacional da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), Rodolfo Montosa, a busca pelo sistema de consórcio foi muito fortalecida pela dificuldade de acesso ao crédito. “O que aconteceu foi um relaxamento nas condições de aprovação cadastral e o coração da crise tem relação direta com esse relaxamento. Agora, as instituições financeiras estão com o pé no chão para conceder o crédito”, explica Montosa.
Segundo o presidente da Abac, no setor automotivo as vendas de cotas até setembro de cotas de consórcio, antes da crise, eram de 27.581 no segmento de veículos leves. Com a crise, as vendas foram de 28.406 cotas em média por mês, um crescimento de 3%. No segmento de veículos pesados, o salto foi de 10,7%, de 4.567 cotas para 5.054 cotas.
Expansão no segmento de motos
Mas o segmento mais “ajudado” pelos consórcios foi o de motocicletas, cujos consumidores dos modelos de entrada têm mais dificuldade em ter crédito liberado para financiamentos. A média até setembro de cotas, neste caso, foi de 84.215 e passou para 105.244 em outubro, novembro e dezembro, o que representa uma expansão de 25%.
“A influência do consórcio no setor de automóveis é mais limitada, na de motos é mais ampla, porque o tipo de consumidor precisa mais de uma alternativa quando não tem capacidade cadastral para obter o financiamento”, observa o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sergio Reze.
Dívidas
A tão temida inadimplência no setor também recebeu uma ajuda com a nova lei de consórcios. Entre as mudanças, está a possibilidade de utilização da carta de crédito para a quitação de financiamento. A contemplação da cota poderá ser utilizada para liquidar o débito e o consumidor deixa de pagar juros, inexistentes nos consórcios.
“É uma possibilidade da lei, mas não é simples porque exige do consumidor determinação. Ele terá de dobrar o que reembolsa para sair da dívida”, destaca Montosa.
Cultura do brasileiro mudou
Apesar de o aumento do mix de opções de negócio, proporcionado pela nova lei de consórcios, ser apontado como a saída do setor frente a crise, no que se refere a consórcios o mercado brasileiro terá de mudar sua postura, pois já está acostumado com a velocidade de se ter o bem por meio dos financiamentos.
E, para isso, as alterações precisam começar por parte dos concessionários e das empresas de consórcio. “Ainda não h
Fonte: G1 Globo Online