Concessionárias de veículos dos EUA enfrentam desafio de aumentar rentabilidade


DEISE DE OLIVEIRA
Editora de Homepage da Folha Online, em Orlando

Os concessionários dos Estados Unidos, onde tudo sobre carros assume grandes proporções –desde a preferência do consumidor por picapes e sedans vistosos até o volume das vendas que já chegou a 17 milhões ao ano– enfrentam o desafio de “pensar pequeno”.

Trata-se de um mercado que perdeu em 2009 o correspondente a um ano de vendas no Brasil e que se vê forçado a voltar no tempo e se preocupar com questões quase rudimentares para quem deu mostras de que já soube como fazer, mas precisa ser mais rentável diante do encolhimento do mercado.

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Mais de 10 mil concessionários norte-americanos se reuniram em Orlando, no Estado da Flórida, para discutir o futuro do varejo automotivo após a derrocada das vendas com a crise financeira. Um mercado tão grande e desenvolvido como o de veículos dos EUA se vê, neste momento, discutindo como melhorar o atendimento nas lojas, aumentar ganhos com serviços de pós-venda e com os negócios de carros usados, e buscando alternativas de exploração das redes socais na internet.

O sentimento entre os concessionários norte-americanos é de terra arrasada. A crise financeira que teve origem nos EUA, em setembro de 2008, e se propagou pelo mundo, pegou em cheio o setor automotivo. As vendas recuaram 21%, ao passarem de 13,2 milhões em 2008 para 10,4 milhões de unidades negociadas em 2009 (ante expectativas de elevar as vendas para 16,5 milhões sobre o ano anterior).

Em relação ao ano de 2000, quando o mercado dos EUA chegou a 17,4 milhões de carros e veículos leves, os americanos viram se esvair o correspondente a um mercado japonês e meio, o terceiro maior mercado do mundo, atrás de EUA e China.

As perspectivas para este ano já são mais otimistas e a Nada (National Automobile Dealers Association), organização similar à brasileira Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), prevê expansão para 11,9 milhões de unidades neste ano, mas em um cenário de relativa dificuldade ainda em relação ao financiamento e com o desafio de vender carros menores e mais econômicos.

Perspectivas

“O programa Cash for Clunkers (do governo Barack Obama para renovação da frota, encerrado em agosto de 2009) ajudou a aumentar as vendas no ano passado, e, especialmente, a introduzir carros menores e mais econômicos. 2009 foi um ano de recessão nas vendas, mas as perspectivas são positivas para 2010. Em janeiro, as vendas de utilitários e de carros médios e pequenos cresceram próximo de 20%”, ponderou o economista-chefe da Nada, Paul Taylor.

Edward Tonkin, que assumiu a presidência da Nada na terça-feira, pondera que a ajuda do governo amenizou a situação, mas que ainda assim os concessionários tiveram de reduzir a estrutura operacional em favor dos custos.

“A grande chave será manter a estrutura enxuta de custos para melhorar os ganhos´, conta ele, dono de um grupo com 15 concessionárias, que inclui marcas como Honda, Toyota, Mazda, Hyundai, Kia, Chevrolet, Dodge e Ferrari, e fatura US$ 500 milhões ao ano. ´Nossa receita caiu 30%, mas conseguimos manter o lucro, após uma força-tarefa para reduzir gastos”, conta.

Para Tonkin, que se diz um otimista, os EUA vão demorar de quatro a cinco anos para retomar o patamar de 16 milhões de unidades vendidas ao ano.

Dificuldades

Hoje, o mercado de veículos dos EUA conta com 17 mil concessionários, com faturamento médio anual de US$ 25,4 milhões cada, referente a 2009 –contra aproximadamente 21 mil concessionários em 2008, com faturamento médio anual de US$ 29 milhões.

Os cerca de 3.000 lojistas que ficaram pelo caminho neste período dizem respeito às dificuldades enfrentadas e aos planos de reestruturação apresentados por General Motors e Chrysler. Quando à beira da falência, a GM anunciou o descredenciamento de 2.000 conces
Fonte: Folha Online