Consumidor deixa a tradição de lado

Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC

Aos poucos a tradição é deixada de lado e o consumidor brasileiro vai se rendendo às novas opções oferecidas pelo mercado automotivo. O crescimento substancial das newcomers, como são chamadas as montadoras que se instalaram no País na década de 1990, é uma prova disso.

PSA Peugeot Citroën, Renault, Honda, Nissan, todas elas apresentaram, no primeiro bimestre do ano, crescimento superior ao das montadoras mais tradicionais do País (Volkswagen, General Motors, Ford e Fiat).

Levantamento da Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos instalados no Brasil, com base nos registros de licenciamento, mostra que no acumulado do ano em comparação com o mesmo período de 2007 a Fiat cresceu 37,1%, a General Motors 45,1%, a Vokswagen 28% e a Ford decresceu 5,7%.

Em contrapartida, a Honda observou aumento nas vendas de 108%, a Nissan de impressionantes 4.141%, a Peugeot Citroën de 51,5% e a Renault de 66,3%.

Houve exceções como a Toyota que teve os licenciamentos reduzidos em 15,9%, mas no geral, o que se vê são as novas empresas vendendo seus produtos num ritmo acima da média.

Segundo o gerente de marketing de produto da Citroën, Alexander Greif, as newcomers, como todo mundo, foram beneficiadas pelo crescimento do mercado e maior facilidade de crédito, porém, a oferta de produtos com atributos tecnológicos e conceituais mais sofisticados foram importantes para tirar o medo que o consumidor tinha do ‘novo’.

“Quando as novas fábricas se instalaram no Brasil, os consumidores estavam unidos pela tradição. Sem contar que todo mundo pensava que o modelo ainda era importado e que seria difícil encontrar peças de reposição. Mas isso acabou e o mercado hoje é movido pela novidade e pela qualidade do pós-venda que é tão bom quanto o das empresas mais tradicionais”, afirmou.

Montadoras precisaram quebrar barreira do importado

Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC

Para as ‘newcomers’ suplantar a barreira do ‘produto importado’ que reinava no pensamento do consumidor brasileiro representou uma vitória que abriu definitivamente os portões do mercado.

É que há alguns anos atrás, carro importado, mesmo que numa linha mais popular, era símbolo de status no Brasil.

“Era um grande problema porque o automóvel simboliza uma melhor posição social. Carro importado, então, dá status porque é visto como um produto caro e sofisticado. E essa foi uma grande barreira no começo para as newcomers porque muita gente não sabia que os veículos já eram fabricados aqui”, comentou o gerente de marketing de produto da Citroën, Alexander Greif.

Com a mudança de pensamento as novatas começaram a crescer. Hoje, a PSA Peugeot Citroën é a quinta no ranking com 5,63% de participação no mercado, vindo logo atrás da quarta colocada, a Ford (9,22%). A Honda é a sexta com 4% e a Renault a sétima, com 3,81%.

Brasil aprende, mas também contribui

Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC

O mercado brasileiro ganhou muito em qualidade, tecnologia e visão conceitual com a entrada de novas montadoras na década de 1990, mas também ofereceu a elas a oportunidade de evoluirem, já que tiveram o desafio de atender a consumidores com um nível de exigência diferente.

“A tecnologia bicombustível foi criada aqui. Falando de energia alternativa, sustentabilidade, é uma contribuição brasileira para o mundo”, disse o gerente de marketing de produto da Citroën, Alexander Greif.

Mas não é só isso. As próprias condições de rolagem e dirigibilidade que o País oferece obrigaram as empresas a melhorarem seus produtos, o que favorece não só o automóvel, mas também as autopeças nacionais, feitas para enfrentar condições muito mais severas do que aquelas encontradas na Europa, Estados Unidos e Japão.

“Qualquer veículo produzido aqui precisa ter uma robustez superior ao de um carro americano, por exemplo”.

Fonte: Diário do Grande ABC