Em todo o mundo, as montadoras registram quedas vertiginosas em suas vendas e reduzem o ritmo da produção. Segundo uma pesquisa realizada pelo Deutsche Bank, a crise pode, contudo, trazer progressos ao setor.
O automóvel como o conhecemos hoje tem cem anos e provavelmente ainda permanecerá nas ruas de todo o mundo ainda por mais cem anos. A demanda por carros deverá até mesmo crescer nos próximos tempos e as montadoras certamente vão voltar a produzir como antes da atual crise.
No entanto, é possível que das esteiras de produção do futuro saiam carros diferentes dos de hoje: talvez nem tanto na aparência, mas sim nos interiores. Essas são algumas das previsões de um estudo realizado pelo Deutsche Bank.
“A indústria automobilística passa hoje por uma época de transição. Pela primeira vez em sua história centenária, surge a chance real de que, além do motor de combustão clássico, sejam desenvolvidas novas formas de tração. Contamos com uma crescente eletrização do tráfego de veículos nos próximos anos e décadas. E as empresas que desenvolverem os produtos certos a partir de agora terão boas oportunidades de saírem fortalecidas da crise”, diz Eric Heymann, que realizou o estudo para o departamento de pesquisa do Deutsche Bank.
Busca de soluções ecológicas
No entanto, o motor clássico de combustão deverá permanecer ainda por muitos anos como o principal mecanismo de funcionamento de um carro, da mesma forma como Karl Benz e Gottlieb Daimler o inventaram, cada um por si, há mais de 120 anos.
Apesar de mais modernos, os motores de hoje continuam soltando dióxido de carbono pelo escapamento, mesmo que o volume das emissões tenha diminuído e tenha que diminuir ainda mais, porque assim o quer a UE e porque as montadoras europeias não cumpriram as obrigações assumidas voluntariamente.
Agora, os engenheiros estão realmente se esforçando para desenvolver modelos com níveis de emissão de poluentes tão baixos como nunca. O problema, porém, é que, devido à crise, o preço da gasolina está consideravelmente baixo. No futuro, os motoristas com certeza ainda vão sentir saudades dos atuais preços. O petróleo é e deverá permanecer uma matéria escassa.
Tão logo a crise econômica seja superada, seu preço provavelmente voltará a subir e com isso também o preço da gasolina e do diesel. Isso vai acelerar a busca de alternativas aos motores desenvolvidos por Benz e Daimler.
Perspicácia do consumidor
O economista Eric Heymann já observou recentemente uma reação semelhante no mercado: “Nos últimos anos, vimos um aumento considerável nas vendas de veículos econômicos. Acredito que o consumidor tenha aprendido que a atual fase, com preços mais baixos da gasolina, será transitória. Pois acho que é inquestionável o fato de que os preços do petróleo irão subir de novo, tão logo a conjuntura reaqueça e passe a crise que testemunhamos no momento. A médio e longo prazo, o consumo de combustível continuará sendo um critério cada vez mais importante para a decisão do consumidor na hora de adquirir um carro”, analisa o especialista.
Os consumidores, no momento, preferem um Smart da Daimler, um Fiat 500, um Twingo da Renault ou um Fox da Volkswagen. Os veículos que gastam muito combustível passam a ser deixados de lado nas concessionárias.
Tecnologias híbridas
Veículos atuais: ainda compatíveis com a crise e com o meio ambiente?Apesar de tudo, a indústria automobilística alemã ainda é melhor que sua fama, segundo aponta o estudo. O atraso das montadoras do país quanto a parâmetros de proteção ambiental, especialmente filtros de partículas e motores híbridos, só é real à primeira vista, segundo Heymann.
Para ele, o significado das tecnologias híbridas está sendo superestimado. Neste contexto, ignora-se com frequência que montadoras como a Daimler, Volkswagen, BMW e outras mantêm-se à frente no campo de pesquisa de trações alternativas.
E essas formas alternativas de locomoção são justamente as tecno
Fonte: Folha Online