CSM alerta para perda de competitividade

                                                                                          CSM alerta para perda de competitividade e
recomenda coragem para mudar regras do jogo

A indústria automobilística brasileira vive seu melhor momento, mas corre risco de perder posição no ranking global se não elevar a competitividade e reduzir custos e preços de seus veículos, agravados por altos impostos, ineficiência na cadeia de produção e dificuldades na infra-estrutura. A principal ameaça vem dos adversários asiáticos, que avançam sobre nossos mercados no Exterior e conquistam nossas fronteiras.

A advertência é de Paulo Cardamone, diretor para a América do Sul da consultoria global CSM Worldwide, que considera positivas as novas medidas do governo para incentivar a indústria automobilística mas aponta falta de sintonia e de um programa efetivo de competitividade e adequação dos veículos produzidos no país.

Dados da Oica (entidade internacional dos fabricantes de autoveículos) e da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores mostram uma árdua disputa entre os principais players da indústria automobilística mundial. O Brasil, oitavo maior mercado interno em 2007, passa a disputar a quinta posição do ranking com o Reino Unido, Itália e França em 2008, tendo à frente Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. As projeções da CSM indicam que permaneceremos nessa posição em 2014, ultrapassando a Alemanha – mas a Índia ficará com o quarto lugar, enquanto a China obterá avanços significativos. Com um mercado interno aquecido, a produção brasileira era a sétima maior do mundo no final de 2007, atrás de Japão, Estados Unidos, China, Alemanha, Coréia do Sul e França. No ritmo atual, o Brasil já ultrapassa a França.

“Se o Brasil pretende ser um participante global na indústria automobilística nos próximos anos é urgente definir e deixar claro para a comunidade mundial o seu projeto estratégico para o setor. Caso contrário, continuaremos sendo vistos como mercado marginal. É preciso mostrar onde queremos chegar, diante da evolução extraordinária da tecnologia, dos avanços das cadeias produtivas globalizadas, novas fontes de energia e velocidade crescente no desenvolvimento de novos produtos” – afirma. Para Cardamone, regras definidas permitirão aos fabricantes locais caminhar na mesma direção e buscar posição mais competitiva.

A CSM Worldwide participa de projetos de avaliação competitiva em países como China, Rússia e Índia: “Sabemos que ações podem fortalecer o Brasil diante de seus principais adversários – diz Cardamone. Para ele, no mundo globalizado a concorrência não acontece estritamente entre Toyota e GM ou entre montadoras: “O jogo coloca Brasil contra China, Índia e outros players”.

O carro em diferentes realidades

Embora a indústria automobilística local dê sinais de vitalidade, Paulo Cardamone, diretor da CSM Worldwide, insiste que seria prudente apressar a equação das questões estruturais que afetam a cadeia de produção e distribuição, como qualidade, logística e suprimento de matérias-primas e componentes. “O círculo virtuoso atual do setor automotivo está alicerçado no mercado interno aquecido e nas barreiras às importações. As vendas externas estacionaram e uma perda de competitividade pode deteriorar rapidamente a situação” – afirma.

“Todos os players na cadeia contabilizam bons resultados, mas é preciso evitar um imediatismo. Devemos pensar no futuro próximo e no consumidor, que paga todas as contas. Ele paga caro pelo carro, pelo financiamento e arca com uma enorme carga de tributos acumulados desde a cadeia de suprimentos e produção até o uso do veículo” – assegura.

Cardamone comparou o preço final em treze países de um mesmo veículo do segmento B (como Fiesta, Palio e Polo) e comprovou que ele chega a custar o dobro aqui no Brasil se tiver o mesmo conteúdo. Na análise ele considera um veículo equipado com duplo air bag, direção servo-assistida e ar condicionado, conteúdo básico na maioria dos mercados.

Qual a razão dessa disparidade? Para ele, a causa básica são os tributos, que correspondem a pouco
Fonte: Automotive Business