Como esse VW Fusca 1939 se tornou uma jóia de R$ 1,8 milhão?

Fonte  / Quatro Rodas

O Volkswagen Fusca é um dos carros de maior sucesso no mundo, com mais de 21 milhões de exemplares produzidos. O Brasil, diga-se, é o terceiro país onde há unidades, cerca de 3 milhões, atrás apenas da Alemanha e dos Estados Unidos.

 

Esse verdadeiro fenômeno da indústria automotiva foi lançado oficialmente em 1945. Muito antes, porém, em 22 de junho de 1934, a Associação Nacional da Indústria Automobilística Alemã assinou com o protocolo para a criação e desenvolvimento do “Volkswagen” com Ferdinand Porsche. É aqui que essa história começa.

Os primeiros protótipos ganharam forma a partir de 1938. O carro das fotos em estado deplorável é um deles: ele sobreviveu não apenas à Segunda Guerra Mundial como também a um incêndio. Totalmente recuperado, hoje está avaliado em 300.000 euros, aproximadamente R$ 1,8 milhão.

A raridade explica o valor. Trata-se de um exemplar com chassi 1-0003 pré-série (VW39) produzido artesanalmente em 1939 para demonstrações a jornalistas. Só se tem notícias de três Fuscas anteriores a este, todos da série de protótipos VW38: dois pertencem à Volkswagen e um está nas mãos de um colecionador.

A história dessa unidade em particular a torna ainda mais valiosa. Além das demonstrações, servia de laboratório para a equipe de Ferdinand Porsche experimentar ganhos de performance no motor do Fusca primitivo.

Seu motor traseiro Tipo 64 com desempenho aprimorado produzia 32 cv em vez dos habituais 23,5 cv. Conta-se que esse exemplar veículo alcançou os 145 km/h, um marco surpreendente para 82 anos atrás.

Os detalhes notáveis da unidade ​​são a dobra vertical do capô, agora arqueado na parte superior, as partes côncavas do para-choque e o sistema de aquecimento interno aprimorado.

Este exemplar tão raro resistiu à guerra guardado a sete chaves em um galpão. Foi encontrado em 1948, sem motor, pela família Raffay, dona de uma das primeiras concessionárias Volkswagen da Alemanha.

O velho besouro 0003 pouco aparecia em eventos. Era mantido na coleção particular dos Raffay em Hamburgo, em aparente segurança e longe dos olhos do público.

Em 2011, contudo, um incêndio devastou  o acervo. Entre os automóveis destruídos pelas chamas, havia ainda um raríssimo Lohner-Porsche, carro híbrido (a gasolina/elétrico) construído por Ferdinand Porsche em 1901.

O Fusca foi completamente consumido pelas chamas. Ficou arruinado. Mas se ele sobreviveu a uma guerra, não seria um incêndio que colocaria um ponto final em sua existência. O museu alemão de protótipos (Prototyp Automuseum) assumiu, então, o desafio de restaurá-lo.

Após pesquisa detalhada e vários anos de restauração, o Fusca voltou a sua plenitude e um golpe de sorte proporcionou que até que ele voltasse a ter um motor.

Confira o vídeo com as etapas da restauração:

O Protoype Museum, que também é especializado em motores especiais, tinha comprado um motor idêntico (de número de fabricação 38/24) ao do VW 39 e que tinha sido usado em outro carro empregado em testes de velocidade.Depois de restaurado, recebeu um “motor original” de novo.

Um dos Fuscas mais antigos do mundo e também um dos mais valiosos segue tem lugar de destaque no museu localizado em Hamburgo, na Alemanha.