Depois de cortar produção, GM lança PDV

Programa é para 2 unidades e não tem meta revelada; Scania também amplia férias coletivas

Cleide Silva

Apesar da ajuda do governo federal anunciada ontem para a retomada do crédito destinado ao financiamento de veículos – atendendo a pedido da própria indústria automobilística -, o setor segue anunciando medidas de corte de produção, sinal de que não aposta na melhora do mercado nos próximos meses.

Ontem, a General Motors abriu um Programa de Demissão Voluntária (PDV) nas fábricas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos (SP), onde recentemente fez contratações para novos turnos de trabalho. A montadora já havia anunciado férias coletivas nas suas quatro unidades no País.

A Scania decidiu dar férias coletivas de 30 dias na fábrica de caminhões e ônibus de São Bernardo do Campo (SP) a partir de 15 de dezembro. Com isso, a tradicional parada de fim de ano foi esticada em 10 dias.

A direção da GM não divulgou metas de adesão ao PDV. Informou apenas que o programa de incentivos, que inclui salários extras de acordo com o tempo de trabalho, é direcionado aos 8,9 mil funcionários horistas da fábrica de São José e aos 7,4 mil de São Caetano.

Em abril, a GM contratou 1,5 mil trabalhadores no ABC paulista para a criação do terceiro turno de trabalho. Em agosto, foram abertas 600 vagas em São José para implantação do segundo turno na linha do Corsa. Um mês depois, foi feito um PDV naquela unidade, que recebeu 220 adesões, segundo informou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Vivaldo Moreira Araújo.

“Há uma grande contradição nas ações da empresa”, disse o sindicalista. A GM alega queda de vendas por causa da crise, mas Araújo questionou o fato de o primeiro PDV, em setembro, ter ocorrido antes da turbulência global ter chegado ao País.

A Scania informou que vai transferir parte de sua produção de caminhões e ônibus destinada às exportações para Ásia e Oriente Médio para as fábricas do grupo na Suécia, França e Holanda, que operam com ociosidade por causa da queda das vendas na Europa.

Segundo a montadora, a medida não resultará em corte de turnos ou demissões no ABC, onde emprega 3,5 mil pessoas. A linha de montagem, que opera num ritmo de 25 mil veículos ao ano, reduzirá esse ritmo em 28%.

Na terça-feira, a Ford avisou que ampliará em 10 dias as folgas de fim de ano de cerca de 10 mil funcionários das fábricas da Bahia e de parte do pessoal das unidades de caminhões de São Bernardo e de motores de Taubaté.

Também adiou por prazo indefinido o início do segundo turno na fábrica de caminhões, antes previsto para janeiro. Os ajustes, segundo a montadora, ocorrem “devido à desaceleração nas vendas de veículos no mercado interno.” Fiat e Volkswagen já haviam divulgado paradas, além da suspensão de horas extras. Apesar da queda verificada em outubro, o setor acumula, no ano, alta de 23% nas vendas de veículos na comparação com 2007.
Fonte: O Estado de São Paulo