Ditadura ou revolução das cores?

Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC

“O cliente pode ter o carro da cor que quiser, desde que seja preto.” Essa frase é de ninguém menos do que o americano Henry Ford, fundador da montadora que leva seu nome e uma das maiores personalidades do século XX. Apesar de dita há muitas décadas, ela nunca esteve tão na moda como nos dias de hoje.

O Brasil e outros grandes mercados automotivos atravessam um momento peculiar classificado por alguns como a ‘Ditadura do Prata’. Nas ruas dos grandes centros urbanos, como São Paulo e o Grande ABC, o que se nota é uma quantidade exagerada de veículos nas cores preta, prata, cinza e branca. Qual a razão disso? E por onde andam os carros laranjas, as peruas verdes e as picapes amarelas?

Para essas perguntas existem algumas respostas. De acordo com químico e designer de cores Marcos Luiz Ziravello Quindici, uma série de fatores acaba por influenciar a opção de compra, entre eles a falta de opções de cores, o custo mais elevado das pinturas perolizadas e a própria mentalidade do consumidor. “Nós ainda compramos carros como bens de investimento, e não como bens de consumo, como em alguns países.”

Para Quindici, no entanto, não se trata de uma ditadura das cores, mas apenas uma fase. “As cores possuem um período cíclico. Atualmente atravessamos uma fase futurista-retrô”, revela o especialista, frisando que não se trata de uma “ditadura”. “Estes mesmos padrões (cores) acontecem em todo o mundo, uma parte voltada para programas de produção, de qualidade ou de custos que justificam a produção de veículos de determinadas cores.”

Na análise de Hermann Mahnke, gerente de marketing de produtos Chevrolet da General Motors do Brasil, a mentalidade do consumidor determina em quais cores os carros devem ser fabricados. Para ele, porém, a cabeça do comprador está mudando por determinadas razões, entre elas a saturação do preto, prata, cinza e branco. “A indústria forte como está e a facilidade de financiamento aumentam a troca (compra) de veículos. Ele (consumidor) ousa mais, o que mostra que optará por mais cores”, diz.

REVELAÇÃO

Segundo Mahnke, apesar do prata ser a cor de melhor aceitação no mercado brasileiro, ela não é a preferida dos motoristas. Pesquisas revelam que o prata é só a segunda ou a terceira opção dos consumidores, que a escolhem devido à sua maior aceitação – e conseqüentemente valorização – no momento da revenda.

AMARELO, LARANJA, VERDE

Agora você deve estar pensando: “os carros com um apelo esportivo normalmente utilizam cores vivas, como amarelo e vermelho. Acho que essa teoria da ‘Ditadura do Prata’ é furada!” Na realidade, tudo isso tem uma explicação plausível.

De acordo com Quindici, quem compra um carro esportivo busca mais do que desempenho. Procura também exclusividade. “Normalmente, os esportivos visam a traduzir um certo sentimento de liberdade, diferenciação, exclusividade. Por isso utilizam cores mais chamativas.”

A Chevrolet, ao apresentar o Vectra GT aqui no Brasil, causou impacto ao mostrar um modelo laranja. Mas apesar de chamativo e bonito – nas ruas, todos olham para o carro por causa da cor –, a montadora optou por não comercializá-lo nesta tonalidade.

A razão? Simples. Apesar dos elogios, na hora da compra a racionalidade do consumidor o faria optar por uma cor mais aceita no mercado, segundo a assessoria de imprensa da GM.

Já a Fiat adota uma linha diferente. No lançamento do novo Palio, em 2007, a cor escolhida foi um tom de verde (Twist) puxado para o limão. Apesar de chamativa e diferente para os padrões brasileiros, a montadora não pensou duas vezes e colocou a pintura entre as opções de venda. No entanto, sua vida no mercado depende da aceitação. Atualmente, a cor detém 2% das vendas – número considerado aceitável pela montadora.

Já o Punto de cor laranja-avermelhada identificada como Sport, tem 7% do mix do modelo. O amarelo do Stilo Sporting, por sua vez, tem uma bela aceitação: 20% dos carros comercializados.

SEGURANÇA

Recentemente,
Fonte: Diário do Grande ABC