Em meio a uma crise econômica global na qual o setor automobilístico foi um dos mais atingidos, os lucros das três principais fabricantes de carros de luxo –a BMW, a Daimler (divisão da Mercedes-Benz) e a Audi (divisão da Volkswagen)– devem se manter distantes dos níveis recorde a que chegaram nos últimos anos, segundo reportagem desta segunda-feira no diário americano “The Wall Street Journal” (“WSJ”).
Segundo o analista Max Warburton, ouvido pelo “WSJ”, é improvável que essas empresas voltem a apresentar os ganhos recorde que chegaram a apresentar há não muitos anos, uma vez que a maior parte de seus lucros vinham da venda de modelos de alto desempenho –e alto consumo de combustível. Com a recessão nos EUA e na Europa, a tendência dos consumidores é procurar modelos compactos ou ao menos mais eficientes no consumo de combustível.
“Pode-se argumentar que esses consumidores –dos EUA e do Reino Unido– vão ter seu poder de compra restringido por um longo tempo”, disse Warburton. “Todas as fabricantes de modelos de luxo provavelmente cancelarão seus projetos em desenvolvimento, cortarão gastos de capital, gastos em propaganda e, por fim, empregos. Mas quando suas principais linhas de produtos têm quedas de 25% a 30%, essas medidas não vão restaurar a lucratividade dos negócios (…) As perdas vão ser substanciais.”
No mês passado, a BMW anunciou a paralisação temporária de 26 mil trabalhadores. A medida, cujo objetivo é reduzir gastos, afetará outras fábricas de produção na Alemanha e será prolongada até final de março. As vendas da empresa caíram mais de 25% em novembro e dezembro, em relação a 2007. Hoje, a montadora informou que demitirá 850 funcionários em sua fábrica do modelo Mini em Cowley, perto de Oxford (Reino Unido), a partir de 2 de março.
Já a Mercedes-Benz informou que suas vendas em janeiro caíram 35% em relação ao mesmo período de 2008. As vendas da Audi, por sua vez, caíram 28,6% no mês passado, para 56.200 unidades no mundo todo. O chefe da direção de mercado e vendas da empresa, Peter Schwarzenbauer, disse que o retrocesso das vendas em janeiro reflete uma perda da confiança dos consumidores em geral.
Na semana passada, a Acea (associação europeia de montadoras) informou que as vendas de automóveis novos na Europa sofreram em janeiro sua pior baixa em 20 anos, com uma queda de 27% a ritmo interanual. A queda no mês passado, com 958.517 unidades vendidas no total, foi o pior resultado em duas décadas. As estatísticas divulgadas incluem 28 países: 25 da União Europeia (com exceção de Chipre e Malta), além de Islândia, Noruega e Suíça.
Porta-vozes da BMW, Mercedes-Benz e Audi disseram ao “WSJ” que as três empresas tentam preservar as margens de ganhos tanto quanto possível, com foco nos lucros, mais que no volume de vendas, e vêm reduzindo sua produção para evitar o acúmulo de estoques.
Fonte: Folha Online