Emplacamentos de caminhões registram uma das piores quedas

Setor recebe duro golpe logo no primeiro mês do ano, enquanto o planeta torce pelo final da crise

Texto: Carlos Eduardo Biagini

(05-02-09) O mercado de caminhões, definitivamente, não começou bem o ano de 2009. O volume de emplacamentos registrados em janeiro, 6.389 unidades, causou uma queda de 24,4% em relação a dezembro de 2008. Foi uma das piores quedas de um mês para o outro da história da indústria brasileira de caminhões.

Os números foram divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – Fenabrave. Segundo a entidade, em relação a janeiro de 2008, quando foram emplacados 8.043 caminhões, a queda foi de 20,5%.

A Fenabrave esperava que o mercado de caminhões começasse melhor o ano, pois tinha a expectativa que fossem emplacados 7 mil veículos.

“Foi um golpe duro. Foram vendidos no varejo, quase 2 mil caminhões a menos. Esse começo de ano com queda, nos preocupa. Mostra que o transportador está esperando para ver quais horizontes a atual crise vai criar”, afirmou Sérgio Reze, presidente da entidade em coletiva oferecida à imprensa.

Quarto melhor janeiro

Apesar da queda brusca, o primeiro mês de 2009 se tornou o quarto melhor janeiro da história. O primeiro lugar pertence justamente ao mês de início do ano passado.

O segundo melhor janeiro – 7.448 unidades vendidas – foi no longínquo ano de 1981. Nessa ocasião, o primeiro mês pegou carona num dos melhores anos dos caminhões, que foi 1980.

Porém, no ranking total de meses da Fenabrave, janeiro de 2009 ficou apenas na 114° colocação.

Projeções

Reze evita refazer as expectativas para este ano. No mês passado, o presidente anunciou que a Fenabrave espera por um tímido crescimento de 2,3% em relação ao ano anterior. Num total de 126.119 caminhões vendidos no varejo. O que já seria o melhor volume da história.

“Prefiro esperar mais um pouco e talvez refazer os cálculos apenas em abril. A indústria fez o que precisava. Nós apoiamos as medidas das montadoras. É preciso haver uma harmonia entre o que o mercado precisa e do que as marcas precisam”, disse.

Segundo Reze, não há motivos para não imaginar que este ano será positivo. “Nenhuma montadora pediu dinheiro ao governo. Nenhuma grande empresa brasileira quebrou. Os bancos não estão em dificuldades. Há um conjunto de solidez em nossa economia”, acredita.

“Não somos o Uruguai”

Para o presidente da Fenabrave, as medidas adotadas pelas marcas do setor vão ajudar a minimizar os efeitos da crise.

“Por exemplo, a redução temporária de salário ajuda a evitar demissões. Por outro lado, o consumidor perde o poder de compra, mas não há como não ‘levar chumbo’ em tempos de crise. O Brasil não é o Uruguai. Temos uma das maiores economias do mundo”, concluiu.

Fonte: Webmotors