Fabricantes de autopeças demitem cerca de 3.700

Vivian Costa
Do Diário do Grande ABC

Chega a 3.724 o número de demissões em empresas de autopeças instaladas no Grande ABC apenas nos meses de dezembro e janeiro. Esse número foi confirmado pelos dois sindicatos da categoria na região – Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cuja base é formada por 103 mil trabalhadores em São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, e o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, cuja base gira em torno de 25 mil trabalhadores.

Fruto das alegadas dificuldades conjunturais das montadoras, o número de demissões pode ser ainda maior e ultrapassar os 4.500 trabalhadores.

Muitas das dispensas não precisam ser homologadas no sindicato ou na Justiça do Trabalho e, por isso, escapam do controle dos sindicatos. Para Cícero Firmino da Silva, o Martinha, presidente do Sindicato de Santo André e Mauá, não há dúvida: o número de dispensas é maior, “Muitos trabalhadores não passam pelo sindicato por terem menos de um ano de empresa, o que dispensa a homologação”, explica.

Na base de atuação de Martinha, somente em dezembro, janeiro e início de fevereiro foram registradas 2.431 demissões. “Os motivos são sempre os mesmos: cancelamento de pedidos das montadoras – que por sua vez – deram férias coletivas aos seus funcionários”, acrescenta o sindicalista.

Com a queda de produção das montadoras as autopeças alegam que não conseguem segurar sua mão de obra. “Muitas empresas dizem que não têm expectativa de melhoria, e se demorar para demitir, não terão dinheiro para pagar os funcionários”, acredita Martinha.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em janeiro e dezembro, homologou 1.293 demissões. Até o fim do ano passado, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, afirmava que sua base estava blindada. Em entrevista ao Diário ele afirmou que “até o fim deste ano não deve ter demissão. Qualquer análise para 2009 é especulação. Eu acho que as coisas vão ficar claras em março”, dizia Nobre à época.

Para Paulo Roberto Garbossa, consultor no setor automotivo e diretor da ABK Automotive, o momento está difícil, mas será passageiro. “O mercado parou de crescer e deve voltar aos patamares de 2007. Em momentos de crescimento, as grandes montadoras conseguem se adequar, aumentar o número de turnos, contratam trabalhadores temporários sem precisar investir. Ao contrário de seus fornecedores, que muitas vezes são pequenos”, afirma.

Fonte: Diário do Grande ABC