Livre concorrência combate alta dos preços na bomba

Há uma percepção generalizada – e errônea – de que apenas as empresas conhecidas oferecem produtos de qualidade (Foto: Banco de imagens)

 

Faz tempo que os motoristas andam se assustando com o custo de encher o tanque do carro. O pior é que nos últimos anos esse susto tem sido cada vez maior e o hábito de chegar no posto e dizer tranquilamente ao frentista a palavra mágica “completa” ficou no passado. Cabe pensar onde, de fato, está o problema. Para encontrar a resposta, primeiro é preciso entender todo o caminho que o combustível faz até chegar às bombas. Como a gasolina é o principal combustível consumido no Brasil, vamos tomá-la como exemplo.

O percurso começa nas refinarias. De todo parque de refino instalado no país, apenas dois refinadores são dedicados à produção de gasolina, sendo que 98,5% do volume nacional é produzido pela Petrobras. As refinarias têm papel essencial na cadeia: assim que o petróleo é extraído do subsolo, ele é levado para uma refinaria, onde é processado e transformado. De acordo com os registros da Agência Nacional do Petróleo (ANP) há uma baixíssima incidência de desvio de qualidade na produção das refinarias brasileiras. Isto significa que a maior parte do combustível produzido no país é de alta qualidade e atende a um padrão uniformizado.

A gasolina produzida pelas refinarias é chamada de “Gasolina A”, que somente pode ser vendida por elas a uma distribuidora registrada e autorizada pela ANP. Apenas a distribuidora pode vender combustível para os postos, mas antes disso ela tem a obrigação legal de adicionar exatos 27% de etanol anidro, produzindo o que se chama de “Gasolina C”. É essa a gasolina que os postos adquirem e revendem. A gasolina que abastece os automóveis, portanto, é resultado de uma mistura de 73% de gasolina A com 27% de etanol anidro – percentuais fixados por lei e controlados pela ANP. Uma vez entendido o caminho que a gasolina faz desde a sua produção até o tanque do carro, resta ainda saber por que abastecer está cada vez mais caro.

A determinação do preço da gasolina pelo posto é influenciada por diversos fatores, tais como custo do aluguel do imóvel, número de funcionários e conveniências oferecidas aos clientes. Entretanto, duas coisas são fundamentais: alto custo do produto e baixa concorrência. Se está claro que todas as distribuidoras, independentemente da marca, fornecem combustível com a mesma qualidade, a percepção generalizada de que apenas as marcas conhecidas oferecem produto de qualidade não procede.

Por isso, é essencial que o consumidor reflita melhor sobre as escolhas que faz na hora de abastecer e compreenda que grande parte do problema está na falta de opções nos postos revendedores. Quanto mais consumidores optarem pelos postos bandeira branca, mais e melhores condições eles terão de enfrentar a concorrência das grandes empresas e poderão garantir combustível de qualidade com preço justo. Se na hora de abastecer houver qualquer dúvida quanto à qualidade do combustível, o consumidor pode exigir o teste da proveta (mede a quantidade de etanol na gasolina em um tubo de vidro). Em caso de irregularidade, o cliente pode acionar a ANP, o Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) e o Procon.