Hipocrisia charmosa

Abê
Alzira Rodrigues

Hipocrisia charmosa. Com estas palavras o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, define a polêmica em torno do etanol brasileiro, com análise de que ele estaria prejudicando a produção de alimentos e, em consequência, contribuindo para a alta de preços nesta área. Charmosa, segundo Schneider, por envolver a “fome” como apelo. E hipócrita por ser evidente que o Brasil nada tem a ver com o agravamento deste problema no mundo.
O executivo lembra que a cana-de-açúcar ocupa apenas 0,8% das terras agriculturáveis brasileiras, o que deixa claro que a maior oferta de álcool combustível nada tem a ver com a produção de alimentos, ou melhor, com a falta dela.

Sem contar que o crescimento da oferta de etanol de cana-de-açúcar tem se dado principalmente em cima de produtividade, uma conquista dos produtores brasileiros. O País está à frente tanto na tecnologia de produção do etanol como também na do veículo bicombustível, o que tem gerado uma espécie de ciumeira internacional. Não há mais como negar os nossos avanços, a ponto de o Brasil ser referência mundial no setor automotivo quando o assunto é flex-fuel.

Na semana passada, durante apresentação em São Paulo do Salão de Paris, a ser realizado em outubro próximo, o diretor do evento, Thierry Hesse, comentou a preocupação mundial no setor com relação à menor dependência do petróleo e à redução da emissão de poluentes, enfatizando que “o Brasil está muito adiantado nesta área”.

Por conta da maior oferta de álcool combustível, seu uso tem sido vantajoso na maioria dos Estados brasileiros, garantindo maior economia aos motoristas. Lançado ainda nesta década, o carro flex-fuel já ultrapassou a barreira das 5 milhões de unidades e responde, atualmente, por 87,5% da produção total de veículos brasileiros.

Fonte: Diário do Comércio