Honda clareia o futuro do automóvel


O carro da foto abaixo não é um protótipo. É a resposta da Honda aos veículos híbridos e elétricos. E já pode ser comprado por leasing no sul da Califórnia

Kim Reynolds, da Motor Trend, New York Syndicate

Ao sair da coletiva de imprensa do Chevrolet Volt, no Salão de Los Angeles, tive a sensação de que havia finalmente compreendido o futuro do automóvel por completo. Sem dúvida, híbridos como o Volt (ou, como a GM prefere chamá-lo, um “veículo elétrico de grande autonomia”) são a saída para enfrentar as mudanças climáticas mundiais e o preço assustador do barril de petróleo. “O cronograma do Volt está em dia”, me disseram confidencialmente no evento. As primeiras baterias desenvolvidas – que chegaram ao centro de pesquisa da GM em Michigan, no último Haloween (outubro) – “revelaram-se uma gostosura, não uma travessura”. É bom quando a estrada do amanhã repentinamente se ilumina dessa forma.

O problema é que, na manhã seguinte, me peguei em outra concepção totalmente diferente do que é o futuro – e que não era apenas um conceito como o da GM. Embora as poucas pessoas que estão dirigindo o sedã Honda FCX Clarity de produção (movido a pilhas de combustível de hidrogênio) tenham levantado uma sobrancelha para o modelo, aqui estamos nós, rodando a 80 km/h, com nada além de uma trilha de vapor atrás (um galão de água, ou 3,8 litros, para cada 50 quilômetros, me disseram).

E você entendeu direito: esta coisa não é um protótipo. É um veículo pronto para a produção em série, que estará disponível no sul da Califórnia por meio de leasing de três anos, a US$ 600 (R$ 960) por mês. Naturalmente o valor do aluguel não reflete os custos de produção do carro. É apenas para filtrar a lista de interessados do público-alvo, mais especificamente famílias com rendimentos anuais de US$ 150 mil (R$ 240 mil) e integrantes presumivelmente bem-formados. Serão 200 carros em três anos.

Antes da avaliação nós tentamos pressionar a Honda sobre os números de produção do FCX ou ainda sobre a expectativa de quantos carros a infra-estrutura de abastecimento de hidrogênio no sul da Califórnia suportaria em um prazo médio. Não tivemos sucesso. Apesar de a Honda estar inacreditavelmente confiante em apostar tão alto no jogo do carro a hidrogênio, é óbvio que a marca não quer se apegar a dados específicos para o caso de as coisas não andarem como o esperado.

Em movimento, o FCX guarda bastante semelhança com o conceito anterior. Mas é muito mais avançado em engenharia e construção do que a versão de 2005, que a Honda deixou em alguns locais selecionados como a praia Redondo, na Califórnia. Comparado àquele modelo, o compartimento das pilhas de combustível do Clarity está sob o braço direito do motorista, é 65% menor no volume, 17% mais potente (100 kW ou 136 cavalos) e dá a partida em temperaturas de até 30 graus negativos (graças ao caminho vertical de drenagem de água).

Espaçoso_O projeto do Clarity é brilhante: combina trem de força dianteiro e compacto em um mesmo eixo, utiliza baterias de lítio sob o assento traseiro e tem um único tanque com capacidade para 345 bar atrás do banco traseiro. O espaço interno é generoso, particularmente para as pernas dos passageiros, e o volume do porta-malas é razoável.

O tanque, que garante autonomia urbana de 435 quilômetros, é uma opção diferente dos de 690 bar que outras montadoras estão desenvolvendo. A marca japonesa acredita que uma pressão de 690 bar é contraproducente, pois pressões maiores geram uma quantidade considerável de ineficiência.

Pise fundo no acelerador e você será suavemente jogado contra o assento enquanto um barulho (que lembra a abertura dos flaps das asas de avião) preenche a cabine. É o compressor de ar alimentando as pilhas de combustível. O pequeno ícone azul de eficiência pairando no meio do painel cresce em tamanho e muda para um laranja que expressa desaprovação.

Em uma parada, as baterias de lítio oferecem um aumento repentino da energia para cobrir a falta de potência, assim que as pilhas de combust
Fonte: Auto Esporte