Do Diário do Grande ABC
A medida de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos zero-quilômetro, implementada pelo governo federal no final de 2008, não foi suficiente para dinamizar as vendas da indústria automobilística em janeiro.
Enquanto no País todo, a comercialização de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus novos registrou queda de 8,13% em relação ao mesmo mês do ano passado, no Grande ABC a retração foi de 12,98%, segundo dados do Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores)
Mesmo na comparação de janeiro com dezembro último, o desempenho frustrou as expectativas do segmento. Apenas a categoria de automóveis no mercado nacional teve resultado positivo (crescimento de 5,11%). No Grande ABC, nem isso: as vendas de autos ficaram 10,39% menores por esse comparativo. Todos os outros segmentos apresentaram queda tanto nos sete municípios quanto no País.
“Esse mês de janeiro não ocorreu exatamente como estavamos desejando”, afirma o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze. E ele estima que poderia ser ainda pior, já que houve auxílio de resultados represadas de dezembro – as concessionárias tiveram de trocar as notas fiscais de carros já faturados com a montadora por outras que incorporavam o imposto menor.
Reze afirma que o que mais preocupa não são os automóveis, mas as outras categorias. No caso dos caminhões, que também receberam o incentivo tributário, a forte retração frente a dezembro (baixa de 24,45% no Brasil e 14,47% na região) é explicada pela falta de confiança em relação aos rumos da economia. “Quem compra (um veículo de carga), adquire para transportar mercadoria e, geralmente, o faz pelo sistema de financiamento em até sete anos. Ninguém assume financiamento por prazo tão longo se não tiver o que transportar”, diz o dirigente.
Segundo o presidente da Fenabrave, para estimular as vendas do setor, ainda é preciso destravar o financiamento. A entidade quer levar ao governo propostas nesse sentido. Uma das ideias levantadas por Reze é de que as prestações pagas pelos consumidores contenham um seguro-desemprego, para reduzir riscos de inadimplência.
Apesar de resultados fracos, faltam modelos nas lojas
Os resultados fracos do setor automobilístico em janeiro na comparação com igual mês do ano passado não evitaram a falta de alguns modelos para pronta-entrega.
Segundo o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze, isso ocorreu por conta das férias coletivas dadas pelas fabricantes para ajuste de estoques. “As montadoras fizeram adequações e agora estão voltando a produzir, de acordo com a necessidade do mercado”, diz.
Ele acrescentou que esse movimento foi natural, diante das incertezas em relação ao tamanho da crise. “Quando se deixa de vender 100 mil veículos de um mês para o outro e há escassez de crédito, as empresas seguram a produção”, justifica.
FILAS – Com isso, já há fila de espera em lojas autorizadas de marca na região. O vendedor Robson de França, da Volkswagen Conshop, de Santo André, afirma que as vendas da revenda cresceram 12% em janeiro frente a dezembro e esse resultado poderia ter sido ainda maior. “Não vendeu mais porque faltou carro”, diz.
França cita que, para modelos como o Fox e o Voyage 1.0, o consumidor terá de esperar de 15 a 20 dias para receber.
Caso semelhante é relatado na Sandrecar, também de Santo André. O gerente Francisco Nobre, afirma que houve reação nas vendas em relação a dezembro e que, para alguns tipos de carros, como o EcoSport automático e o Ford Ka, a espera pode chegar a 30 dias.
SEM DEMISSÕES – Reze afirma que no caso das concessionárias, não há necessidade de demissões. “O empresário de distribuição é capilarizado (tem lojas espalhadas pelo País) e as repercussões da crise são diferentes de acordo com a região”, diz.
Fonte: Diário do Grande ABC