Já dirigimos: Novo VW Golf GTI 2021 é capaz de empolgar?

Motor 1.com
Daniel Messeder  – 13/9/2020

O novo Golf GTI é provavelmente o mais importante esportivo de 2020. Não porque ele seja o mais potente, rápido ou o mais desejado da indústria automotiva, mas sim porque poucos carros esporte vendem tanto quanto ele mundo afora.

Diga olá ao novo VW Golf GTI de oitava geração. O GTI também fez sua fama porque ele é um esportivo perfeitamente utilizável no dia a dia – ainda que seu antecessor tenha cuidado muito desta parte e deixado de lado um pouco da emoção. Era muito agradável e rápido, no entanto, não empolgava tanto quanto um GTI deveria. Será que esta nova geração resolve esta questão? Nada melhor que acelerá-la para responder.

Tudo começa pelo acerto dinâmico. A VW sabe que um Golf GTI não precisa ser um carro de track day como um Honda Civic Type R, mas precisa emocionar de alguma forma. Neste aspecto, entra em cena o “Driving Dynamics Manager”, um gestor eletrônico que coordena o funcionamento da suspensão adaptativa DCC e o do diferencial eletrônico XDS, para se comunicarem mais rapidamente com os freios, direção e controle de estabilidade (ESP), entre outros sistemas.

Os novos amortecedores se adaptam à superfície da estrada 200 vezes por segundo, de forma individual (em cada roda). Assim, fica mais fácil apontar forte numa curva e cuidar para que a traseira não perca a compostura. De acordo com a VW, o DCC oferece um range maior de ajuste entre os modos Comfort e Sport, sendo este último mais firme, e, acreditem, com favorecimento para as escapadas de traseiras. Sim, a marca alemã providenciou um surpreendente modo mais divertido de condução.

As outras mudanças na suspensão são, digamos, mais tradicionais. No eixo dianteiro, temos molas mais firmes (5%) e o subchassi vindo do Golf GTI Clubsport S, feito de alumínio, que reduz em 3 kg o peso do conjunto. Na parte traseira, também estreiam molas mais firmes, neste caso 15% a mais que no Golf tradicional. O ESP e a direção elétrica, de relação variável, também foram reajustados. O volante ganhou respostas mais diretas, ainda que sem ficar abrupto.

Na prática
Devido à crise sanitária (Covid-19) que estamos vivendo, este primeiro contato com o novo Golf GTI 2021 ficou restrito aos arredores da fábrica da VW em Wolfsburg, na Alemanha. O problema é que se trata de um trajeto um tanto reto – qualquer um que encontre mais de cinco curvas nos 150 km que rodamos está de parabéns.

Desta forma, seremos muito cautelosos nesta avaliação inicial, mas já podemos dizer que o GTI de oitava geração aponta mais rápido e de forma mais efetiva que antes. Ele se sente mais atlético e o eixo dianteiro mostra um caráter mais esportivo. O carro mergulha menos nas entradas de curva e tem um grip imenso, fazendo com que as saídas de frente (ponto fraco do anterior) sejam praticamente inexistentes.

É mais emocionante que antes? Não muito. Para ter um hot hatch mais extremo, o cliente deve optar por algo como Hyundai i30N, Renault Mégane RS ou Honda Civic Type R – carros que não necessariamente passam pela cabeça de quem deseja o novo GTI, justamente pela maior versatilidade do VW.

O novo Golf GTI 2021 tem uma suspensão de altíssima qualidade, a ponto de, mesmo forçando o carro nas curvas, a carroceria permanece equilibrada. Não é o hot hatch mais excitante do mercado, mas poucos se comportam tão bem quanto ele em situações diversas – não só para estradinhas de montanha, mas também para uso cotidiano.

E o motor?
Estamos falando do EA-888 da VW, o conhecido 2.0 turbo com injeção direta que na atual geração é chamado internamente de “evo4”. Ele traz novos bicos injetores de alta pressão e um filtro de partículas adicional, além de um catalisador maior – tudo para aliviar as emissões. Entrega 245 cv de potência e 37,7 kgfm de torque, as mesmas cifras que o GTI anterior na versão Performance.

É o suficiente para uma aceleração de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos e velocidade máxima de 250 km/h, de acordo com a VW. O 2.0 litros entrega força de maneira uniforme e se mantém enérgico até 6.500 rpm, parecendo até ter mais potência que o declarado em médias e altas rotações. Mas suas respostas em baixos giros não impressionam da mesma forma.

Na Europa, o cliente poderá escolher entre um câmbio manual de 6 marchas e a transmissão automatizada de dupla embreagem DSG, de 7 posições, que tem trocas mais rápidas no modo Sport e uma nova atração: puxe e segure a borboleta da esquerda que a caixa reduzirá para a menor marcha possível naquele momento, seja para uma entrada de curva ou ultrapassagem. Isso deixa a condução do GTI mais conveniente, mas também menos interativa. Para quem deseja a experiência completa, o manual com seus engates curtinhos continua brilhante.

Por fim, uma palavra sobre o ronco do motor: se você quiser, ele fica praticamente mudo, só surgindo claramente no modo Sport – quase como no Polo GTS brasileiro.

Do interior só posso corroborar com as boas opiniões que viemos publicando ultimamente. O quadro de instrumentos digital e a central multimídia exibem gráficos muito intuitivos e com excelente visualização. Temos de nos acostumar, no entanto, com a digitalização, porque os comandos táteis nem sempre dão a sensação de terem sidos ativados. Além disso, as superfícies para controle do ar-condicionado e volume do som não são iluminadas, gerando uma “investigação” à noite…

Outro ponto de crítica é a dificuldade para ativar (ou desativar) algum comando. Por exemplo, o ESP: antes bastava pressionar um botão; agora é preciso entrar em diferentes menus para encontrar o comando desejado. Bem-vindo a digitalização!

Já os novos bancos esportivos com os encostos de cabeça integrados causam uma impressão absolutamente fantástica: excelente postura ao volante, bom apoio lateral e muito cômodos para uso diário. Os materiais da cabine também conferem uma aparência melhor ao GTI 2021 frente a seu antecessor. A exceção fica para as borboletas da transmissão DSG no volante, que são muito pequenas para meu gosto.

No fim, a conclusão é que o novo Golf GTI 2021 se tornou um modelo mais ágil, mais estável e com uma capacidade fantástica de tração, quando comparado com o de sétima geração. Dito isso, saiba que não se trata de um esportivo radical – e nem é essa a intenção da VW. Aos brasileiros, resta torcer para que a filial local decida trazê-lo junto do GTE híbrido a partir de 2021. Afinal, se ainda tem um Golf com mercado no Brasil, este é o GTI.