Rafaela Borges – O Estado de S.Paulo
Segmento com maior alta nas vendas em 2008 (foram 35%, ante 14% do mercado total), o de utilitários-esportivos também cresceu em oferta de modelos. “O sucesso do sul-coreano Hyundai Tucson e a cotação do dólar, baixa até o ano passado, incentivaram as fabricantes”, diz o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK.
Entre os novos modelos que chegaram nos últimos meses, todos importados, estão Chevrolet Captiva, Ford Edge, Dodge Journey, Kia Mohave, Mercedes-Benz GLK, Volvo XC60 e BMW X6. Seus preços vão de R$ 85 mil a mais de R$ 300 mil, mas agora há inúmeras opções abaixo dos R$ 100 mil. Nos destaques ao lado, confira os principais detalhes de quatro deles.
“Apesar de estarem mais acessíveis, ainda são carros de nicho, para quem tem alto poder aquisitivo”, afirma Wilson Vasconcellos, gerente de Marketing da Ford. “Esses clientes migraram do segmento médio (sedãs, peruas e minivans).”
“Muitas vezes, R$ 10 mil a mais ou a menos não pesam na decisão de compra desse consumidor”, diz o gerente de Marketing da GM do Brasil, Dawson Zanetelli.
CROSSOVERS
Conceitualmente, utilitário-esportivo é um veículo feito sobre chassi e com tração 4×4. Crossover tem carroceria com características de dois ou mais segmentos. O BMW X6 é um exemplo. “Crossover significa cruzar, misturar carros de diferentes categorias. Pode ser um sedã com jeitão de cupê, por exemplo”, diz Zanetelli.
No Brasil, crossovers se confundem com utilitários. “Eles têm altura livre do solo e posição de dirigir de utilitários”, explica Vasconcelos, que classifica o Edge como crossover.
“Ele (Edge) tem conforto, tecnologia e segurança de carro de passeio. Está distante daquele conceito de utilitário rústico”, afirma o executivo.
Zanetelli discorda. “Se o Edge é crossover, o Captiva também é. Mas o classificamos como utilitário-esportivo, que é seu segmento”, afirma. “Nos EUA, se você pedir para conhecer um crossover, dificilmente vão mostrar um Edge. Mas aqui há essa confusão.”
Crossovers ou utilitários, não importa. Os modelos listados nesta reportagem se diferenciam de Hilux SW4 e Pajero, por exemplo, pelo tipo de construção. Ao contrário dos modelos de Toyota e Mitsubishi, eles são feitos sobre bases de carros de passeio. E a tração é 4×2 ou 4×4 por demanda, recurso mais útil para a estabilidade que para encarar trilhas. A aptidão é urbana.
ECOS DA CRISE
Apesar da recente alta do dólar (cerca de R$ 2,30), esses importados são oferecidos com base nas cotações de 2008 (aproximadamente R$ 1,90). “As fabricantes conseguem manter os preços, pois podem mexer no mix de produtos para não levar prejuízo”, explica Garbossa. “Até março, com o fim do desconto no IPI, nada muda. Depois, veremos o que vai acontecer não só com os importados, mas com todo o mercado.”
Fonte: O Estado de São Paulo