Agencia Estado – 24/4/2009 – 08h50
SÃO PAULO – O juro médio para o financiamento de veículos atingiu 29,7% ao ano em março, seu menor nível desde dezembro de 2007, quando marcou 28,8%.
No mesmo período, a inadimplência para esta modalidade de crédito cresceu de 3% para 5,1% (veja quadro). As informações são parte da nota de política monetária com dados até março divulgada ontem pelo Banco Central (BC).
Paulo Garbossa, da Consultoria ADK, especializada em varejo automotivo, afirma que um dos motivos da queda dos juros é o maior rigor na análise cadastral para a concessão de crédito.
Ele avalia que, com a crise de recursos que se abateu sobre o mercado no fim do ano passado, o varejo passou a dar preferência a clientes que apresentem menos risco, o que permite uma taxa de juros menor. “É uma espécie de cadastro positivo de crédito”, exemplifica.
Em relação à inadimplência, Garbossa diz que o problema está localizado, principalmente, entre os clientes que compram carro de “entrada”, como é chamado o primeiro veículo comprado por um consumidor.
Incentivos
De acordo com Luiz Montenegro, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a queda é consequência dos incentivos dados pelo governo ao setor automobilístico, como a abertura de linhas de crédito e a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Determinada em dezembro com validade até março, a diminuição do imposto foi prorrogada até o fim de junho.
Montenegro explica que os juros entre os bancos das montadoras atualmente estão entre 20% e 23% ao ano, em média. “É diferente do que o Banco Central mede, que inclui o mercado como um todo”, afirma.
Ele acrescenta que os bancos das montadoras têm como principal foco os veículos novos e usados das concessionárias, enquanto o mercado também financia lojistas independentes.
Montenegro acredita que as taxas devem continuar a trajetória de queda e, se os sinais de recuperação econômica se confirmarem os juros devem fechar 2009 na casa dos 18% ao ano.
Quanto ao aumento da inadimplência entre os consumidores de veículos, ele diz que não há surpresa. “Com o agravamento da crise, esperávamos uma elevação”, diz.
Para Montenegro, a trajetória da inadimplência vai depender da manutenção dos níveis de emprego no País. “Se houver uma recuperação certamente a queda será mais rápida”, analisa.
Sergio Reze, diretor da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), afirma que a queda de juros ajuda o setor e que as reduções devem prosseguir até o final do ano. Em relação à inadimplência, ele atribui o aumento à crise econômica, mas diz que não há motivo para preocupação.
Na opinião de Luiz Carlos Augusto, diretor de vendas e marketing da Jato do Brasil, multinacional do varejo automotivo, a inadimplência está relacionada aos prazos de financiamentos mais longos.
Segundo ele, em 2007, a média de financiamento para veículos era de 36 meses e ao longo de 2008 chegou a 72 meses, com o prazo estabilizando-se entre 48 e 60 meses. Com isso, explica Augusto, os consumidores foram às compras e alongaram mais as dívidas. “Com a crise da economia afetando inclusive o emprego, eles encontraram dificuldades para pagar as prestações, o que elevou a inadimplência”, diz.
Fonte: Diário do Comércio