Ka dobra vendas, mas Ford perde mercado

Joel Leite, da Agência AutoInforme

Agora com cinco lugares e redesenhado, o Ka é sucesso. Mas as vendas do EcoSport cresceram só 15,3%.

Entre os veículos de grande volume de venda, o Ka foi o carro de passeio que mais cresceu. A nova versão, lançada no mercado em janeiro, fez dobrar a demanda pelo modelo, que atingiu 29.567 unidades no primeiro semestre, volume 102,7% superior ao do mesmo período do ano passado (14.586). Este ótimo desempenho, no entanto, não foi suficiente para que a Ford ganhasse participação. Ao contrário, a marca fechou os primeiros seis meses com uma fatia de 9,4%, índice que era de 11,6% em 2007.
Além do Ka, apenas a Ranger teve desempenho superior à média de expansão do mercado de carros e comerciais leves, que foi de 30% no semestre. A picape teve um aumento de vendas de 44,5%, enquanto o EcoSport cresceu apenas 15,3%. E todos os outros modelos da marca tiveram queda real de vendas.
O índice de decréscimo foi de 4,2% na picape Courier, 13,1% no Fiesta hatch e 15,4% no Fiesta sedan. Também tiveram desempenho negativo o Focus hatch (- 9,8%), o Focus sedan (-11,2%) e o Fusion, importado do México (-21,9%).
Segundo Oswaldo Ramos, gerente da Ford, a empresa está com a capacidade de produção esgotada em Camaçari, com três turnos de trabalho na fábrica onde são feitos o Fiesta e o EcoSport. Esta é uma das razões do crescimento abaixo do mercado este ano. A outra é que no primeiro trimestre do ano passado a empresa tinha grande estoque nos pátios, enquanto neste ano estava a zero, além de iniciar 2008 com férias coletivas, o que reduziu ainda mais a sua capacidade de oferta.
Novos rumos – “A comparação das vendas neste ano com as do primeiro semestre do ano passado distorcem os números”, disse Oswaldo Ramos, argumentando que na comparação trimestre com trimestre percebe-se que no período de abril/junho a diferença entre o crescimento da Ford e do mercado é bem menor. Ele disse que hoje a empresa já tem os carros fabricados em Camaçari para pronta entrega e que, portanto, a Ford vai voltar a acompanhar a demanda no segundo semestre.
O dirigente acha que o mercado vai se estabilizar daqui para frente e, por isso, a Ford – assim como as outras marcas que perderam espaço por falta de produto – terá oportunidade de voltar a acompanhar o crescimento de vendas.
“O primeiro semestre foi um período de grande procura, quem tinha produto vendia. Mas agora a tendência é de que as marcas tradicionais recuperem mercado”, disse o gerente da Ford. Mas a montadora não explicou qual a razão da queda de vendas dos carros importados. O modelo que mais perdeu no primeiro trimestre foi o Fusion, que vem do México. Mas também a linha Focus, feita na Argentina, teve vendas reduzidas.
Capacidade – A fábrica de Camaçari produz 250 mil carros por ano. Em São Bernardo do Campo a capacidade em um turno é de 100 mil unidades, das quais 85 mil Ka e o restante Courier. Não está prevista a ampliação da produção com a adoção do segundo turno de trabalho. Segundo a Ford, o aumento de oferta no mercado brasileiro vai se dar com o lançamento de novos produtos, o que pode envolver veículos vindos do exterior. Para outubro, está previsto o início de importação do utilitário esportivo Edge, do México, e de um carro de luxo, com motor V6, do Canadá, com preço entre R$ 120 mil e R$ 140 mil. Tem ainda o Focus novo, que vem da Argentina, com mudanças no desenho e no interior, principalmente no painel.
O único aumento de produção anunciado é na fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo. Também neste setor a marca está perdendo participação por falta de produto. Hoje saem da linha de montagem 36 mil caminhões, mas a partir do ano que vem haverá dois turnos de trabalho, com aumento para 43 mil unidades/ano.

Fonte: Diário do Comércio