Agência O Globo – 1/3/2009 – 11h34
Os líderes da União Europeia estão reunidos neste domingo, em Bruxelas, na busca de um consenso sobre como lidar com a crise financeira.
A crise vem colocando imensa pressão sobre os países do bloco e causando divisões entre os Estados do leste e do oeste europeu.
Os países do centro e leste europeu estão particularmente preocupados com medidas protecionistas.
Nove deles participaram de uma pré-reunião separada para discutir a queda no valor de suas moedas, o fechamento de fábricas e a possibilidade de revoltas sociais.
A reunião de cúpula deste domingo foi convocada depois que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, prometeu ajudar a indústria automobilística francesa, desde que ela mantenha as vagas de emprego no país.
A decisão do governo francês provocou o medo de que o protecionismo nacional acabasse com as esperanças de recuperação dentro do bloco.
As instituições financeiras e economias de muitos dos novos países membros do centro e leste europeu foram intensamente afetadas pela recessão.
A Hungria e a Letônia, em particular, sofrem sérios problemas de liquidez, e a expectativa é de que os líderes desses países demonstrem sua preocupação e peçam mais ajuda dos países ricos da UE.
“Não devemos deixar que uma nova cortina de ferro seja levantada e divida a Europa”, alertou o primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsany.
O encontro deste domingo está sendo realizado apenas uma semana depois de uma reunião dos mesmos líderes para discutir reformas no sistema financeiro do bloco.
Antes desta última reunião, Sarkozy negou as acusações de protecionismo ao seu plano de ajuda de três bilhões de euros que tem o objetivo de manter a indústria de automóveis francesa no país.
Mas o presidente francês acrescentou que, se os Estados Unidos podem defender suas indústrias, talvez a Europa devesse fazer a mesma coisa.
A medida do governo francês foi criticada pelos países do centro europeu, que argumentam que o pacote de ajuda não deve ser implementado às suas custas.
“Nós não queremos novas linhas divisórias. Não queremos uma Europa dividida entre o sul e o norte, ou o leste e o oeste”, disse o primeiro-ministro checo Mirek Topolanek, que atualmente ocupa a presidência rotativa da UE.
“Os esforços e medidas para combater a crise financeira dentro do bloco têm que respeitar o princípio de solidariedade, mas também exigem que todos os jogadores demonstrem responsabilidade”, disse ele.
Não se espera, no entanto, nenhuma decisão do encontro deste domingo em Bruxelas.
A reunião é parte das preparações para o encontro dos líderes do G-20 marcado para o dia 2 de abril, em Londres.
Fonte: Diário do Comércio