
Sonaira San Pedro
Confesso que antes de ver de perto o M100, o tão falado carro chinês que acaba de chegar ao Brasil, não esperava tanto do design ou dos itens de série. Primeiro, o preço: R$ 22.980, realmente popular. Depois, por ter vindo de onde veio: o preconceito é inevitável.
Mas em uma volta com o modelo, o visual com linhas arredondadas, grande área envidraçada e o capô curto chamou a atenção nas ruas. “É carro novo no mercado?” Houve comparação com a frente do Fiat Uno ou com as lanternas traseiras do Chevrolet Meriva. Sem considerar a mania dos chineses de copiar tudo o que exista por aí, a aceitação, pelo menos por quem o viu externamente, foi geral.
Moderno por fora e prático por dentro. Vidros e travas elétricos, CD Player, ar-condicionado. Os comandos estão à mão, sem contar o dispositivo de abertura do tanque de combustível, que se esconde embaixo do freio de estacionamento. O acabamento interno deixa um pouco a desejar: o painel e a lateral das portas são de plástico e o forro dos bancos faz jus ao título de carro mais popular do mercado. Não há tampa do bagageiro e limpador traseiro.
Prós e contras – A ergonomia agrada, assim como a empunhadura do volante. A direção é leve, se comparada a outros carros que não têm assistência hidráulica. Cuidado! Os freios podem demorar a responder. E, como todo motor 1.0, tem leve ruído interno e o ar-condicionado influencia no desempenho. Mas o pequeno M100 é bastante econômico: tem velocidade máxima de 120 km/hora e consome 20 km/l, o que lhe dá autonomia de 800 quilômetros.
Nos anos 2000, a indústria automobilística explodiu na China, que deve se tornar a maior produtora de veículos até 2015, de acordo com a associação dos fabricantes de veículos local. O país já ultrapassou a Alemanha e ocupa o terceiro posto de maior produtor de veículos, com 7 milhões de unidades no ano passado – somente atrás dos Estados Unidos, com 20 milhões, e do Japão, com 10 milhões.
Nem para locação – Os modelos compactos quase nem são encontrados nas locadoras de automóveis. Na tentativa de alugar um M100 antes que o modelo chegasse ao Brasil, percorri diversas locadoras de carros na China, do norte ao sul do país, em cidades pequenas e grandes. E nada do tal do M100. Quase não encontrei modelos menores também. Os veículos mais populares não estão tão disponíveis assim, simplesmente porque não existe procura suficiente, garantiu-me um atendente de locadora de automóveis de Guangzhou, cidade no sul do país.
Nas ruas, avenidas e vias expressas também não vi em movimento o modelo chinês que acaba de chegar ao Brasil. No dia-a-dia, o desfile era mesmo dos carrões de montadoras européias e norte-americanas. O alto e desenfreado consumo é fruto do financiamento cada vez mais facilitado e concedido pelo governo à população, e também da demanda reprimida, do cidadão que tem pressa em tirar o atraso de décadas de consumo controlado.
As vendas de carros de passageiros na China cresceram 12% e atingiram 3 milhões de unidades em 2006, de acordo com dados do governo de Pequim. Segundo a Associação dos Fabricantes de Veículos da China, há 240 milhões de veículos (incluindo-se motos) circulando no país. Em 2007, o governo chinês anunciou a criação de oito zonas especiais de exportação de carros, onde serão instaladas 160 montadoras e autopeças que já operam no país asiático, além de parcerias com as empresas estrangeiras.
Na foto abaixo: Trafegando pela 25 de Março, o M100 encontrou muitos produtos conterrâneos.
Fonte: Diário do Comércio