Mercedes entra no baixo astral e também dá férias

O mercado de caminhões, definitivamente, não passa por um de seus melhores momentos. Depois de bombar no ano passado, quando as filas de espera por alguns modelos de veículos se estendiam por meses, a indústria mergulhou numa fase de baixo astral, enquanto os transportadores estão reticentes em voltar às compras.

Os fabricantes de veículos comerciais colocaram em marcha no ano passado programas de crescimento expressivo. A Mercedes-Benz anunciou a aplicação de R$ 1,5 bilhão na unidade do ABC paulista para ampliar sua capacidade. A VW CO reservou R$ 2 bilhões para a ampliação da planta de Resende e lançamento de produtos e a Iveco aprovou R$ 570 milhões entre 2008 e 2010 para a operação de Sete Lagoas. Já a Ford tinha previsto, até 2011, aplicar R$ 336 milhões nas instalações de São Bernardo do Campo.

Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, admitiu que o segmento de automóveis até que foi razoavelmente bem em janeiro, com os benefícios no corte do IPI. Para o dirigente, o pior está acontecendo na área de veículos comerciais, aí incluídos os ônibus. Nem a redução do IPI e nem mesmo o financiamento de 100% dos veículos pelo BNDES ajudaram a esquentar a demanda.

A entidade anunciou dia 4 que foram vendidos em janeiro 6.389 caminhões, contra 8.457 unidades em dezembro – uma queda de 24,45%. O resultado não chega a ser tão ruim: em janeiro do ano passado foram comercializados 8.043 caminhões e a queda de 20% não seria tão problemática se o mercado agora não estivesse com o pé no freio e estacionando com a desaceleração da economia.

A Mercedes-Benz ficou com 29,64% das vendas de janeiro no segmento de caminhões, seguida da Volkswagen com 28,89%, Ford (19,38%), Volvo (7,40%), Scania (6,64%) e Iveco (6,25%). A Mercedes-Benz também liderou entre os ônibus, com 36,20%, vindo a seguir VW CO (27,60%), Marcopolo (27,38%), Agrale (4,55%), Scania (2,84%) e Iveco (0,64%).

Ontem a Mercedes-Benz também capitulou e resolveu dar férias coletivas a sete mil trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, de 23 de fevereiro a 4 de março. A Volkswagen Caminhões, de Resende, já havia avisado que vai deixar em casa, no mesmo período, 3,5 mil funcionários e anunciou aos fornecedores o fim do terceiro turno de trabalho, pelo menos por um bom tempo. O FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador foi uma solução dos parceiros do consórcio modular, como a ArvinMeritor, para não despedir o pessoal que, com a suspensão do contrato de trabalho, receberá a complementação dos vencimentos das empresas.

A Iveco, que vinha numa ascensão de fazer inveja, foi pega no contrapé. Aproveitando a falta de produtos no estoque dos concorrentes, a marca avançou rapidamente no mercado. Com a baixa nas encomendas gerais, começou um período de dificuldades. A empresa fez lançamentos recentemente (como o pesado Tector) está finalizando as obras para inauguração de uma nova unidade de montagem para pesados na fábrica justamente no pior momento do mercado.

Fonte: Automotive Business