Para a Ford, saída pode ser a mesma utilizada para a produção do Ka
Priscila Dal Poggetto
Do G1, em São Paulo
Preços mais baixos e itens diferenciados de série tornam os carros chineses a grande ameaça à indústria automobilística nacional. A Effa Motors do Brasil começou a vender nesta semana 89 carros dos modelos M-100 e ULC nas versões Picape, Furgão e Van, em seis concessionárias da Grande São Paulo. Outras empresas chinesas – como Chery e Great Wall – também estudam entrar no mercado brasileiro. Para se proteger da invasão desses futuros concorrentes, General Motors, Fiat, Volkswagen e Ford apostam em nichos de mercado e investem em tecnologia e design.
Segundo o presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira, a saída para sobreviver à concorrência chinesa pode ser a mesma estratégia desenvolvida para a produção do novo Ford Ka. “Desenvolvemos um produto com preço competitivo, design diferenciado e com item de série como trava elétrica. O resultado foi o grande volume de vendas do modelo”, afirma Oliveira. “Exploramos um nicho no segmento”, ressalta.
E para conseguir chegar ao produto final, a Ford precisou contar com a colaboração de fornecedores, sindicatos e do governo do Estado de São Paulo, que liberou os créditos de ICMS na época do projeto. “Esses acordos foram fundamentais”, reforça Oliveira.
Experiência no Chile
Foi exatamente com veículos mais equipados, que as marcas chinesas invadiram o Chile, de acordo com o diretor geral de marketing e vendas da General Motors do Brasil, Marcos Munhoz. Segundo ele, o Brasil precisa aprender com a experiência do Chile, que vive a invasão chinesa. “Os veículos chineses chegaram no Chile com preços mais competitivos e com mais conteúdo como ar condicionado, trava elétrica, vidro elétrico. E os consumidores chilenos queriam economia de tempo, conforto e segurança.”, explica.
No mercado chileno há a oferta de 20 marcas e 17 veículos chineses. Na opinião de Marcos Munhoz, em breve o Brasil terá abertura para a entrada desses concorrentes asiáticos. “Me pergunto se as barreiras alfandegárias brasileiras continuarão assim por muito tempo. Nosso tamanho atrai olhares dos outros”, avalia.
Estratégia similar à do Ka pode ser a saída para enfrentar os chineses.
Para ter idéia do que está para chegar, no Brasil, já existem 34 modelos chineses registrados, de diversas marcas.
Na análise de Munhoz, antes de a concorrência chegar, o Brasil precisa investir em dois segmentos: o de carros pequenos (com motorização de 1.3 a 1.8 litros) e de comerciais leves. “Há uma clara oportunidade nesses dois segmentos. O bom momento da agricultura tem influenciado, em especial, o mercado de veículos comerciais menores, ideais para as entregas nas cidades”, afirma.
A chinesa Chana Motors, por exemplo, já disponibiliza no Brasil uma gama de veículos utilitários de pequeno porte, com três versões de carroceria — Cargo, Utility e Family.
Veteranas perderão espaço para ´outras´
Independentemente da origem do veículo, o que as quatro maiores montadoras do país precisam tomar cuidado é para o crescimento da participação de mercado das marcas que, antigamente, se juntavam para formar a porcentagem “outras” dos quadros estatísticos. A Renault, por exemplo, já assume o quinto lugar no ranking de marcas.
Fonte: G1 Globo online