Montadoras no Paraná revêem as admissões

NORBERTO STAVISKI
CURITIBA

Pouco antes da turbulência financeira se tornar global, no final de setembro, as montadoras instaladas no Paraná — Volvo, Volkswagen e a Renault/Nissan anunciaram novos turnos e aumentos de produção que levariam a criação de 1.400 novos empregos na Região Metropolitana de Curitiba até o final de 2008. Boa parte destes empregos, menos de um mês depois, pode estar comprometida pelos efeitos da crise. Não há sinais de demissões tendo as dificuldades de crédito e redução de demanda como motivo.

Mas as férias coletivas que a Volkswagen anunciou para o seu terceiro turno envolvendo 900 funcionários até o dia 3 de novembro provocaram uma reação em cadeia no terceiro turno de pelo menos 16 empresas fornecedoras de autopeças instaladas dentro do parque industrial da Volks, em São José dos Pinhais. “Todas elas também
deram férias coletivas aos seus funcionários, envolvendo um pouco mais de 1 mil empregados”, informa vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Cláudio Grann.

Férias coletivas
Entre as outras montadoras de veículos que têm unidades no Paraná, a Renault, que trabalha em dois turnos, informou que não houve nenhuma alteração na programação da empresa. Também a Volvo, que fabrica caminhões em dois turnos, ônibus em um turno, e cabines e motores em três turnos, mantêm a produção normal e somente concederá as suas férias coletivas de fim de ano. Outro usuário de autopeças, a Case New Holland, fabricante de tratores e colheitadeiras, igualmente anunciou que continuará funcionando em três turnos.

Entre as empresas de autopeças que já deram férias coletivas aos seus empregados estão a Peguform, Krupp Módulos automotivos, Kaiper, Guarave e a Aetra que são fornecedores exclusivos da Volks. Mas também há empresas como a Brose, Delphi, Sekurit e outras tiveram de recorrer às férias para não acumular estoques.

Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba , a Volks já tinha cortado as horas extras antes de decidir pelas férias. O que está em jogo, no entanto, neste, momento, para ele, é a criação das novas vagas anunciadas para os aumentos de produção. Do total de 1.400 novos empregos anunciados até o final
do ano, o Sindicato acredita que pelo menos 350 foram efetivamente ocupados, mas o restante foi colocando em situação de espera até que o quadro das necessidades de produção e vendas fique mais claro. “ Nós achamos
que até o final do ano o quadro que está aí se sustenta sem demissões, mas para 2009 não há ainda nenhum sinal de que todos os empregos criados nos novos turnos serão mantidos”, disse Cláudio Grann.

Fonte: Gazeta Mercantil