Montadoras tentam aumentar produção

Com vendas em alta, empresas já estudam suspender férias coletivas

Com mais um recorde mensal esperado para setembro – as vendas devem ter superado 235 mil veículos -, montadoras buscam maneiras de ampliar a produção até o fim do ano. A GM decidiu reduzir o período de férias coletivas em dezembro. “Não vai dar para parar duas semanas, como no ano passado”, disse Ray Young, presidente da empresa. “Precisamos reforçar nossos estoques, atualmente de apenas dez dias.” Na Volkswagen, os funcionários decidem hoje se aceitam convocação para trabalho extra nos dois sábados dos feriados de Finados e Proclamação da República. A Fiat ainda estuda se pára ou não toda a fábrica no período de festas.

Dependendo dessas estratégias, a indústria pode atingir produção de 3 milhões de veículos ou ficar só um pouco abaixo, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider.

As vendas totais este ano devem passar de 2,4 milhões de veículos, 25% a mais que em 2006. Para os executivos, 2008 também será um ano de crescimento, mas em ritmo menor. As apostas vão de 10% a 15%, mas há quem fale em até 20% de crescimento. “Ninguém esperava um crescimento de 28% neste ano (em automóveis e comerciais leves). Por isso, as empresas precisam estar preparadas para um aumento de 20% em 2008”, afirmou o presidente da Fiat, Cledorvino Belini.

Young aposta em crescimento de 11% a 17% no próximo ano. O executivo voltou a reforçar que teme um colapso futuro no mercado brasileiro diante da abundância de crédito barato e longos prazos para pagamento. “Precisamos aprender com o que ocorre nos Estados Unidos com os contratos de sub prime no mercado imobiliário.”

Para a produção, as apostas dos executivos ficam na casa dos 3,2 milhões a 3,4 milhões de veículos em 2008. As exportações devem seguir em queda. Nos próximos anos, o setor quer estar preparado para produzir 5 milhões de veículos. Mas, para isso, aguarda para os próximos dias um pacote de incentivo do governo às exportações e a novos investimentos.

CARRO BARATO

A indústria mundial se prepara para produzir carros baratos, na casa dos US$ 3 mil, valor em estudo principalmente na Índia. “Se der certo, podemos pensar nesse produto para o Brasil, mas certamente aqui não chegaria a esse preço por causa do custo de produção, dos impostos e das exigências do País em relação a itens de segurança”, afirmou o presidente da Renault do Brasil, Jérome Stoll.

Fiat, GM e Volkswagen também estão de olho nesse segmento, mas acham difícil atender às necessidades do mercado com um carro a esse custo. “Seria preciso mudar o patamar tecnológico, desenvolver componentes para reduzir o peso e tirar itens para baratear o produto”, disse Belini. A Volks trabalha com uma faixa acima, na casa dos US$ 5 mil a US$ 6 mil, mas, por enquanto, não é um projeto para o mercado brasileiro, disse Schmall. C.S.

Fonte: O Estado de São Paulo