Montadoras viajam nos nomes de cores

Volkswagen Fox na cor Azul Místico           Chevrolet Prisma Cinza Bluet                 Peugeot 206 Vermelho Luc                     Citroen Gris FulminatorAuto Press

A esta hora, alguém deve estar a bordo de um Vermelho Chardon. Quem sabe, de um Bege Savannah. Ou ainda de um Branco Campanella. Há nome mais rebuscados, como Azul Abyssé, Gris Fulminator, Bege Sandstone e Preto Nighthawk. No extenso arco-íris da indústria automobilística, os marqueteiros e designers encontraram mais uma brecha para extrapolarem a criatividade.

Com nomes temáticos, pomposos ou simplesmente que remetem à natureza, substâncias e objetos, as cores dos diferentes modelos ganham alcunhas curiosas e, muitas vezes, inusitadas. Pura logística interna, segundo os especialistas do setor. “Internamente todos conhecem o nome da cor, e todo o fluxo de fornecimento e produção faz uso dela”, explica Lucíola Duarte de Almeida, gerente de marca da Ford.

O QUE HÁ NUM NOME?

Dentro da relação distribuidor-linha de montagem, o uso de nome realmente é mais objetivo que usar os números de registro de cada matiz. Mas, para surgir um Preto Chamonix, um Cinza Scandium ou um Verde Vermont, é preciso uma dose de pesquisa. E de criatividade. Na verdade, as variações de tonalidades em cima de uma cor são criadas e colocadas para apreciação em clínicas com consumidores. As cores mais aceitas, então, ganham a certidão de batismo.

“Com base naquela cor se busca um tema. Mas é preciso que essa combinação soe bem ao pronunciá-la”, diz a designer Gabriela Belini, coordenadora de cores e acabamento da General Motors.

Os critérios para escolha dos nomes são variados. A Ford optou por praias e criou um Verde Ipanema e um Cinza Ubatuba, nomes adequados para uma praia de águas esmeralda e um balneário chuvoso. Mas Prata Riviera só se explica pelo som. A General Motors, por sua vez, tenta reforçar brasilidade com nomes de aves em extinção. Foi assim que surgiu o Preto Nothura, nome científico de uma perdiz barrigudinha que, na verdade, é cinza com pintas negras.

Outros se inspiram no próprio idioma do país de origem. É o caso da Peugeot, com Preto Obsidien — uma linda rocha negra vitrificada — e Cinza Cendré — que significa cinza acinzentado… E da Citroën, com Bleu Icare, que evoca o céu azul de Ícaro, o mitológico homem-voador. Talvez pela globalização e de olho no mercado mais emergente do mundo, existe uma variação Bleu de Chine. “Não há um critério ou uma sistemática, o que ocorre é que o nome da ´minha cor´ deve ser diferente do nome da ´sua cor´, embora possam ser as mesmas. É como nome de filho: se quer ser sempre diferente”, avalia o consultor Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive.

Curiosamente, há variações para o mesmo tom. Em cores vivas, como azul, vermelho e verde, diferenças de matizes são até comuns. Mas em todas as marcas, a maior variante de cores é em cima de tons neutros. É difícil imaginar que um cinza ou um prata tenha tantas variações. Mas, como são essas as cores — mais o preto — que mais vendem, as marcas juram de pés juntos que todos os tons existem.

COLORIDAS

A Volkswagen é a marca no Brasil com maior número de opções de cores: 34 no total.
No lançamento do Vectra GT, para divulgação e campanha publicitária, a GM lançou uma cor laranja, mas o tom não é comercializado. O Fiat Punto, por sua vez, é o único da Fiat a dispor de uma opção Laranja Spot.
A cor prata ainda é a preferida do mercado. Entre 40% e 50% dos modelos vendidos no país são desse tom.
O Citroën C4 VTR tem um tom preto exclusivo chamado Noir Obsidian.
Duas marcas japonesas rivais têm uma espécie de série para cores, ou seja, mesmo nome para diferentes tons: é o caso do Mica, que batiza as cores vermelha, verde e preta na linha Toyota Hilux, ou o Verde e o Azul Deep, da Honda.
Os velhos comunistas ficariam confusos. Afinal, o sedã mais caro da Ford, o Fusion, tem um Vermelho Moscou.
É a matriz que batiza os nomes das cores da Peugeot. Mas no Brasil, com medo de ofender sensibilidades evangélicas, a marca abreviou para Vermelho Luc o satânico nome original: Luc era de Lúcifer.

A questão é de tom

A Chevrolet tem quatro tipos
Fonte: UOL Carros