Novo VW Gol provoca alvoroço pelas ruas

Repórter quase bate após freada brusca de motorista que o viu pelo retrovisor

por THAIS VILLAÇA

Sempre tive uma relação, digamos, afetuosa com o Volkswagen Gol. Era o “carro da firma” que meu pai, engenheiro civil, usava para trabalhar em canteiros de obras desde a minha infância. Por isso cresci com a imagem de robustez do modelo. Foi nesse automóvel que aprendi a dirigir e no qual fiz minhas aulas na auto-escola. Foi ainda o primeiro carro só meu, já que o Kazinho que dirigia antes era dividido com minha mãe.

Por todos esses motivos, não via a hora de experimentar o novo Gol, pois desta vez o modelo estava realmente mudado, não foi apenas uma “maquiagem” como aconteceu com o carro da terceira para a quarta geração. As diferenças não foram só na estética, mas também na parte mecânica (ganhou nova plataforma e motor do Polo).

A primeira boa notícia, algo que os especialistas adoravam criticar, foi que o volante agora não fica mais levemente deslocado para a direita, o que não era muito perceptível para os leigos, mas causava desconforto após muitas horas na direção. Além disso, seu visual totalmente renovado também empolgou.

Sei que beleza é um conceito subjetivo e que alguns leitores podem discordar, mas na minha humilde opinião o carro realmente ficou muito mais bonito. Principalmente a frente, com os faróis alongados seguindo a linha do capô. Parecem olhinhos puxados – nada mais propício no ano do centenário da imigração japonesa…

Já a parte mecânica apresentou altos e baixos. Claro, o carro ainda possui a pegada tradicional do Gol, mesmo com o novo motor (algo evidente para quem, como eu, já dirigiu esse modelo por muito tempo), mas algumas coisinhas desagradaram. A embreagem, por exemplo, ficou muito alta, obrigando o motorista a elevar muito o joelho, causando certo incômodo.

Design arrojado do novo modelo chama a atenção por onde passa

Entretanto as marchas curtinhas deram mais agilidade ao modelo. Outros aspectos que não fizeram muito sucesso foram os porta-objetos e o porta-luvas, de dimensões bastante reduzidas, e as saídas de ar de gosto um tanto duvidoso. Mas nada que desabone o carro, cujo acabamento interno melhorou sensivelmente.

Só que o mais legal de sair nas ruas com o novo Gol é observar a comoção que ele provoca. Logo no primeiro quarteirão após deixar a garagem de meu prédio, um menininho de seus 12 anos gritou superempolgado ao ver o carro: “É o Novo Gol!”.

Pelo caminho vi muitos pescoços torcerem para olhar melhor a novidade – a unidade que dirigi foi um 1.6 Power vermelho radiante (a chamativa cor de lançamento, que só será ofertada sob encomenda). Certa hora, ao mudar de faixa em um viaduto movimentado, quase entro na traseira do carro da frente (um Gol G4, aliás), que freou com tudo ao avistá-lo pelo espelho retrovisor.

Nova silhueta proporciona uma maior sensação de movimento

Os manobristas de uma loja onde fui, então, se reuniram para discutir o design renovado: “Parece o Polo”, disse o primeiro; “Mas a traseira é igualzinha à do Golf”; “As rodas são como as do Passat alemão!”; “Ficou com frente de BMW, né?”, afirmou outro. Em um restaurante, no fim de semana, o flanelinha veio observar, na saída: “Está todo mundo de olho no seu carro…”. Mas nem sempre o modelo foi unanimidade. “Não gostei da traseira”, observou um pedestre. Fato é que o Gol passou longe de despertar indiferença. No supermercado o rapaz que entregava o cartão de estacionamento chamou os colegas para ver o carro passar.

Engraçado também que, mesmo com três mulheres a bordo, os olhares dos marmanjos se prendiam apenas às curvas do Gol. Reações e comentários à parte (uns pertinentes, outros nem tanto), acho que o principal motivo de todo esse alvoroço é porque as pessoas o enxergam como uma possibilidade de compra futura.

Foi diferente do entusiasmo notado quando dirigi o Ford Fusion antes de seu lançamento ou o Audi A3 Sportback, que também são carros que chamam muito a atenção, mas são vistos como sonhos
Fonte: Interpress Motor