O novo boom da indústria automobilística


O Brasil automotivo cresce de forma extraordinária, avançando no ranking global de produção e vendas e deixando para trás países com tradição no setor. O consumidor vai às compras e encontra financiamento farto, em até 84 meses, mas as filas de espera para os carros preferidos podem se estender por meses. No caso de caminhões, ônibus e máquinas agrícolas as carteiras de pedidos dos fabricantes estão abarrotadas. Para equilibrar as coisas, as montadoras anunciam investimentos recordes nas linhas de montagem e novos veículos. O ano promete muitos lançamentos em todas as faixas de mercado – desde os carros compactos até SUVs nacionais e importados.

O Brasil é o sétimo maior produtor mundial de veículos, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, depois do Japão, Estados Unidos, China, Alemanha, Coréia do Sul e França. Estamos muito próximos de ultrapassar a França se o ritmo recente se mantiver. No ranking das vendas internas estamos na oitava posição, mas podemos deixar para trás também a França, Itália e até o Reino Unido se continuarmos acelerando como no início deste ano.

O avanço surpreendente da indústria automobilística nacional tem sido alimentado pela disponibilidade de financiamento farto, em até 84 meses, e consolidado pela elevação firme da renda familiar. Apesar do preço do automóvel no Brasil ainda ser um dos maiores do mundo, agravado pela carga tributária, o fôlego das vendas parece longe de esmorecer.

Em 2007 foram licenciados 2.462.728 veículos no país, com uma progressão de 27,8% sobre as 1.927.738 unidades do ano anterior. Vale assinalar que a participação dos veículos importados cresceu de 7,4% em 2006 para 10,9% em 2007 e deve continuar subindo, como mostrou o primeiro bimestre deste ano, com uma média de 12,7%. Os veículos com motor de mil cilindradas começam a perder a preferência do consumidor e começaram o ano na casa dos 52%, contra uma média de 54% em 2007. Os motores flex já dominam 87,9% dos veículos novos licenciados, cabendo à gasolina uma participação de apenas 7,9% e ao diesel 4,2%. Não há mais produção de veículos puramente a álcool, como demonstram as estatísticas da Anfavea.

Enquanto os importados avançam, nossas exportações de veículos montados ou desmontados vêm caindo em número: foram 789,4 mil unidades em 2007, contra 842,8 mil em 2006. Em valor, no entanto, nossas vendas externas passaram de US$ 12.307,8 milhões em 2006 para US$ 13.461,6 milhões em 2007.

Fila de espera

Apesar da Anfavea registrar que a capacidade instalada para produção de autoveículos no Brasil foi de 3,5 milhões de unidades/ano em 2007 e caminha para chegar às 3,85 milhões em 2008 e às 4,0 milhões no próximo ano, as linhas de montagem trabalham em até três turnos e não dão conta do recado – faltam diversos modelos no show room das concessionárias e as filas de esperam podem se estender por meses.

No caso de veículos comerciais o panorama é ainda menos alentador, pois as carteiras de pedidos estão abarrotadas. E quanto às máquinas agrícolas e de construção? Aqui, o boom pegou de tal forma desprevenidos os fabricantes que o país terá que destinar novos e pesados investimentos para o setor. Em março a CNH anunciou a reativação da fábrica de Sorocaba, com a aplicação de R$ 900 milhões.

Os investimentos das montadoras de autoveículos vêm crescendo de forma significativa nos últimos anos e sinalizaram uma disparada em 2005. Este ano marcará um recorde na curva, com o anúncio das montadoras de pelo menos US$ 4,9 bilhões para a expansão de fábricas e linhas de produtos. E haverá mais pela frente se o mercado mantiver o fôlego e houver dinheiro para abastecer a procura pelos financiamentos.

Venda sem calote

Dinheiro não tem faltado no varejo. Dados da Anef – Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras mostram que em 2007 o saldo das carteiras de financiamento e arrendamento de veículos para pessoas físicas cresceu 43,5%, atingindo R$ 110,7 bilhões (foram R$ 77,1 bilhões em 2006). “Do total das carteiras R$ 81,6 bilh
Fonte: Automotive Business