O novo endereço dos carros usados: os shoppings

Renato Carbonari Ibelli

O crescimento da demanda por veículos zero quilômetro instigou os revendedores de seminovos a buscar formas alternativas de atrair o consumidor para não perder mercado. A reação desses varejistas foi a elaboração de um novo modelo de negócio, os shoppings de automóveis. A idéia parece ter dado certo. Segundo a Associação dos Shopping Centers de Veículos Automotores do Estado de São Paulo (Anauto-SP), hoje existem 42 empreendimentos do gênero no País, que juntos faturam anualmente R$ 7,5 bilhões. Até o final do ano, devem ser abertos mais 33 shoppings do segmento.
Os shoppings de veículos propiciam algumas vantagens em comparação às lojas de rua. Além das revendas de automóveis, eles abrigam uma série de outros serviços – como seguradora, despachante ou lojas de acessórios –, o que permite maior rotatividade de público. Além disso, investimentos em segurança e em campanhas de marketing são diluídos entre as lojas instaladas no empreendimento, o que abranda os gastos por lojista.

Ainda que seja mais caro montar uma loja em um shopping, Paulo Roberto Amaral, diretor executivo da Anauto-SP diz que os benefícios equilibram os gastos. “Se o lojista levar em conta os custos de manutenção e conservação predial, além de marketing e segurança, vai perceber que o custo é similar ao de manter uma loja de rua”, diz Amaral.

De acordo com o diretor executivo, o valor médio do metro quadrado nos shoppings de veículos, somado ao aluguel, condomínio e fundo de promoção proporcionais, fica em torno de R$ 75. Em média, cada um desses empreendimentos acomoda 30 lojas multimarcas, que no total recebem 750 mil visitantes por mês. Mensalmente, são vendidos 25 mil veículos nos shoppings. Segundo Michelle Malfi, gerente de marketing do Auto Shopping Global, um dos pioneiros do gênero, a maior parte das vendas no local é financiada, tendo um veículo como entrada. Menos de 10% dos negócios são à vista.

Segundo a gerente de marketing, um dos motivos que estimulam os lojistas de seminovos a se unir em shoppings é o avanço do mercado de zero quilômetro. A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima que a produção de veículos cresça 8,7% em 2008 frente ao ano passado. O aumento da produção é incentivado pela crescente demanda, em função das facilidades de pagamento que estimulam a aquisição de automóveis novos. De acordo com Michelle, “enquanto um carro novo é vendido sem entrada e com taxa zero, o setor financeiro exige taxas de 1,4% para um veículo do ano 2002”.

Em São Paulo existem 17 shoppings do gênero. Há outros seis em fase final de construção e mais nove em estudo técnico-econômico. Em julho, está prevista a inauguração do Auto Shopping Cidade, em construção na Marginal Pinheiros. O empreendimento terá 35 lojistas.

Fonte: Diário do Comércio