Peugeot garante que acertou ao retirar automóvel 1.0 do mercado

Já se passou mais de um ano desde que a Peugeot decidiu tirar os carros com motor 1.0 da sua linha de produtos. A montadora é a única marca que produz automóveis pequenos de categoria mais simples que não se importa de abrir mão da vantagem fiscal nos veículos chamados “populares”. A direção da empresa diz não estar arrependida. “Foi uma decisão acertada”, afirma Laurent Tasté, presidente da marca no Brasil.

Em meio a um processo de ascensão no mercado brasileiro, por meio do qual a marca francesa pretende ganhar mais visibilidade, Tasté, um executivo com formação em Economia e Direito, com uma dose de especialização tributária, garante que “a questão fiscal não tem nada a ver com o desejo do consumidor”.

Criado a partir de um decreto na época em que o ex-presidente Itamar Franco quis resgatar a produção do Fusca, o carro com motor 1.0 é a vedete do mercado brasileiro. Respondeu no ano passado por 54% das vendas de automóveis no Brasil. Mas Tasté diz estar seguro de que no fundo o consumidor gostaria de poder dirigir um veículo com motor com um pouco mais de potência.

O executivo, que assumiu a presidência da marca francesa no Brasil em meados do ano passado, afirma que na França e mesmo em países como o México, onde a tributação sobre veículos é bem menos complexa do que no Brasil, a ascensão do proprietário de um carro mais simples para um de categoria superior “é muito mais suave”.

A Peugeot nunca produziu motores 1.0. Mas chegou a vender no Brasil seus carros com esse tipo de motorização, que comprou da Renault durante quase cinco anos. Hoje, a marca oferece o modelo 206, seu carro mais simples, com dois tipos de motor – 1.4 e 1.6.

Os carros com motor 1.0 têm custo mais baixo porque o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é menor. O Peugeot 206 mais simples custa R$ 28 mil, cerca de R$ 2 mil mais que concorrentes com motor 1.0 como Palio Fire, da Fiat. Tasté considera essa diferença tributária uma questão política.

Mas num mercado aquecido como o atual, diferenças de preços como essa acabam se diluindo nos financiamentos de prazos mais longos. Isso diminui ainda mais qualquer possibilidade de a direção da Peugeot vir a se preocupar por não usar a vantagem do IPI.

A Peugeot tem 3,4% do mercado brasileiro de automóveis. Mas se prepara para uma escalada de inovação de produtos que pode levá-la a fatias de 4% este ano e 5% em 2010. O plano faz parte de uma estratégia montada pelo grupo PSA, que abrange as marcas Peugeot e Citroën, que prevê o lançamento de seis novos carros para as duas marcas no Mercosul até 2010.

A estratégia inclui elevação das capacidades das duas fábricas na América do Sul – uma em Porto Real (RJ) e outra na Argentina. Elas passarão, ao somar ambas as capacidades, de 300 mil para 500 mil veículos por ano.

Na linha Peugeot, a primeira inovação chegará na segunda metade deste ano, com o lançamento do modelo 207, uma categoria acima do 206 e abaixo do 307. A empresa vai manter o 206, que passará a ser o que a indústria automobilística chama de “modelo de entrada”.

O 207 será parecido com o carro que leva o mesmo nome na Europa. Mas o projeto brasileiro carrega características voltadas ao nosso mercado, incluindo reforço na estrutura para enfrentar as nossas estradas.

Tasté acredita que a Peugeot ganhará uma visibilidade maior quando conquistar 5% do mercado local. Segundo ele, esse índice uma espécie de marco nesse setor. Garante ao fabricante de veículos não apenas uma projeção maior no mercado como também mais tranqüilidade na manufatura.

Pesquisas dessa e outras das marcas que chegaram ao país por volta dos anos 90 mostram que muitos brasileiros ainda pensam que os carros produzidos aqui por essas empresas são importados. Mas para Tasté essa percepção precisa de tempo para mudar. “A imagem de uma marca não se constrói só com publicidade”, afirma.

A pedra fundamental da fábrica das linhas de veículos Peugeot e Citroën, que foi inaugurada em fevereiro de 2001, foi colocada no terreno de Port
Fonte: Webtranspo