Por certo o mercado brasileiro direcionado a veículos pequenos e baratos parece tão atraente aos produtos made in China quanto qualquer outro país emergente. Mas ao contrário da Índia e da Rússia, outros possíveis alvos daquele que será o maior fabricante mundial de veículos muito em mais alguns anos, o Brasil tem indústria de base sólida e, principalmente, a engenharia capacitada. “A criatividade e a capacidade de oferecer soluções de baixo custo dos engenheiros brasileiros são características que fascinam as matrizes das empresas”, sustenta Luc de Ferran.
A opinião de Ferran é compartilhada pelos mais destacados dirigentes do setor automotivo, que acreditam: não será fácil, mas a indústria nacional tem capacidade para se colocar como importante base mundial de desenvolvimento e produção de veículos.
Além da flexibilidade criativa de seus engenheiros, o Brasil já é um dos líderes na pesquisa, desenvolvimento e produção de soluções em duas áreas consideradas nevrálgicas para indústria na próxima década: combustíveis originados de fontes renováveis e a busca por materiais alternativos, também renováveis, mais resistentes e baratos do que os utilizados atualmente em um veículo.
“Temos um longo histórico relacionado à pesquisa em energia e materiais renováveis. Para valorizar esse conhecimento temos de ir para outros mercados conhecer a linha de pesquisa da engenharia. Em muitos centros os materiais renováveis nem estão na pauta das discussões”, avalia Vilmar Fistarol, presidente da SAE Brasil e diretor de compras da Fiat.
Fistarol destaca que a utilização cada vez maior de fibras naturais nos veículos e o consumo de etanol e biodiesel só são possíveis pelo histórico da indústria brasileira: “Cinqüenta anos de experiência é um diferencial importante. Afora os tradicionais países produtores de veículos como Estados Unidos, Alemanha, França, qual outra nação possui tamanha experiência?”
Gábor Deák, presidente da Delphi, também julga essencial para a manutenção da competitividade da indústria automotiva no País a bagagem adquirida no passado. “A concorrência sempre existirá. Vamos continuar concorrendo com a China, onde a mão-de-obra parece inesgotável. Também concorremos com o México, com a Índia, isso faz parte da nossa indústria. O diferencial é que na China o engenheiro que projeta um veículo está, ao mesmo tempo, aprendendo a dirigir. Se demoramos cinqüenta anos para chegar ao ponto que estamos, não acredito que a China ou qualquer outro país atinja essa excelência tão rápido.”
Preparado para o futuro – Enquanto as marcas tradicionais exibem nos salões o estado da arte da tecnologia automotiva em veículos superequipados e que podem custar o preço de um apartamento, o futuro da indústria caminha na contramão: são modelos de baixo custo, compactos, os mais desejados pela massa de consumidores que ano a ano debutam no mercado automotivo.
“As características do engenheiro brasileiro foram forjadas pela necessidade de aumentar a produtividade gastando cada vez menos por unidade. Nossos engenheiros são capazes de reduzir centavos no custo de um novo veículo. Isso é cultura adquirida durante os anos difíceis de nossa indústria”, pondera Luc de Ferran.
Pedro Manuchakian, vice-presidente de engenharia da General Motors para a América Latina, África e Oriente Médio, acrescenta outros atributos aos profissionais de sua área: “A fle
Fonte: Boletim Autodata