A montadora Porsche negou nesta quinta-feira que tenha feito um pedido de empréstimo bilionário ao governo da Alemanha para reduzir suas dívidas com credores e finalizar acordo de parceria com a Volkswagen. As duas fabricantes de veículos alemãs negociam uma integração de suas marcas para formar um único grupo.
O jornal alemão “Handelsblatt” publicou que a Porsche pediu uma quantia “substancial” em empréstimos, frente às dívidas de 9 bilhões de euros (US$ 12,4 bilhões), parte contraída na tentativa de assumir o controle da VW.
Heinz-Peter Bader/Reuters
Porsche diz que pediu empréstimo para fechar acordo de integração com a VW
Segundo um funcionário do governo, a montadora de carros de luxo enviou ao governo alemão uma proposta –que teria sido rejeitada– para participar do programa de 100 bilhões de euros criado para estimular o setor.
Um porta-voz da Porsche afirmou que a companhia está negociando possíveis empréstimos com bancos, incluindo o estatal KfW, e não com o governo. “Não houve pedido para participarmos do fundo. Há somente um pedido normal de empréstimo junto ao KfW [banco estatal alemão]”, afirmou.
De acordo com reportagem da agência Reuters, a montadora tentou em março levantar empréstimos de 12,5 bilhões de euros (US$ 17,2 bilhões) para refinanciamento de débitos. De acordo com a Reuters, a empresa só conseguiu 10 bilhões de euros.
“E o KfW não tomou uma decisão sobre o pedido de empréstimo feito ontem”, disse o porta-voz. Ele não quis informar o tamanho do empréstimo pretendido pela empresa.
Integração
Porsche e Volkswagen reafirmaram nesta terça-feira (19) sua meta de fusão e anunciaram a vontade de trabalhar de modo construtivo para fechar o negócio. Os presidentes do conselho de vigilância da Porsche, Wolfgang Porsche, e da Volkswagen, Ferdinand Piëch “confirmam que a meta de um grupo automobilístico integrado continua existindo”.
Dias antes, haviam surgido tensões sobre o fim das negociações após o cancelamento de uma reunião de trabalho sobre a fusão. “As duas casas vão dar continuidade aos trabalhos visando a atingir este objetivo [de formar um grupo integrado] de forma construtiva e consensual”, segundo o comunicado.
Os problemas começaram há uma semana quando o “patriarca” Ferdinand Piëch, herdeiro da Porsche e presidente do conselho da Volks, atacou a direção do construtor de automóveis esportivos, e manifestou mais uma vez sua preferência pela compra pura e simples das atividades automobilísticas da Porsche pela Volks.
Entre as recriminações da Volkswagen indicadas pela imprensa no domingo, estaria a falta de uma linha de atuação clara por parte da Porsche e o ´descrédito´ que essa situação está representando à Volkswagen.
A Porsche estava disposta a adquirir 75% da Volkswagen, o maior fabricante automobilístico da Europa, mas a crise financeira –que afeta especialmente o setor automotivo– prejudicou esses planos.
Além das dificuldades financeiras da Porsche, que tentou ampliar sua participação na Volkswagen através de uma troca de ativos, há o volume de liquidez da montadora alemã, que permitiria à empresa comprar a primeira sem dívida.
Fonte: Folha de São Paulo Online