Próximo socorro do governo será financiamento de veículo

O Tempo – MG | 27/10/2008 – 11h29

O governo brasileiro está tirando mais uma carta da manga: na esteira das medidas de combate à crise financeira internacional, o Estado pode entrar no financiamento de veículos.
O Banco do Brasil pode prover crédito para o consumidor “dentro das montadoras”, em paralelo a elas, complementando o crédito que já oferecem, ou até mesmo adquirindo uma financeira.

A revelação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governador Aécio Neves, ontem, durante encontro dos dois no Palácio do Planalto. Mais tarde, o próprio Lula confirmou a possibilidade. A produção de veículos no país, que vinha batendo um recorde atrás do outro, perdeu um pouco do fôlego: foram licenciados em setembro “apenas” 9,8% mais veículos que em agosto. Mas, na comparação com setembro do ano passado, o brasileiro comprou 31,7% mais carros – nada mal para uma indústria cuja trajetória é ascendente desde 2002. Embora cresça sobre base forte, a indústria automobilística agradece a “mãozinha” do governo. “É uma medida mais do que positiva”, disse o vice-presidente do Grupo Fiat e presidente da CNH para América Latina, Valentino Rizzioli, durante encontro do Projeto Forte, ontem, na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Rizzioli disse que o crédito para financiamento “funciona como lubrificante para as montadoras e toda a cadeia automobilística. Segundo ele, se as vendas caem no varejo, reduz a produção e, conseqüentemente, cai a demanda para o setor de autopeças. “É uma equação em que todos perdem”, conclui. O governador Aécio Neves, que deixou as críticas de lado e agora aprova o modo como o governo está “atento à crise”, acredita que a medida provisória (MP) nº 443, que ampliou os poderes do Banco do Brasil e da Caixa, possibilita a atuação das instituições federais nesse setor.

“Eu sou de um Estado que tem uma presença forte no setor automotivo. Se não fosse o financiamento direto das próprias montadoras nós já teríamos uma queda maior do que a que já se anuncia, em torno de 20%”, afirmou. “E ele (Lula) me disse que o Banco do Brasil entrará no segmento, eventualmente até adquirindo uma financeira.” Após o encontro com Lula, o governador disse que, hoje, o que ainda sustenta o setor é o financiamento direto das montadoras. “Mas não tem sido suficiente e o presidente acha que o Banco do Brasil pode operar de forma complementar, atuando até mesmo – essa é uma possibilidade, não é uma decisão – adquirindo uma financeira que possa atuar exclusivamente no setor automotivo.”

Investimento mantido – Segundo o vice-presidente da Fiat, a montadora – que ontem divulgou, na Itália, lucro menor que o esperado e sinalizou para um 2009 de incertezas – não vai reduzir os investimentos no Brasil por causa da crise. “Vão ser R$ 6 bilhões até 2010. A única coisa que vamos rever é o crescimento para o ano que vem”, disse o executivo, que acredita numa estabilização das vendas no país.

Lula justifica, indústria comenta – “Tomamos essa decisão porque a indústria automobilística tem uma cadeia extraordinária e nós não queremos que deixe de ser um dos carros-chefe da economia brasileira”.

Presidente Lula

“Os empresários brasileiros são os melhores do mundo para se livrar de crises. O período de inflação e juros altos foi muito pior que essa crise”. Valentino Rizzioli, vice-presidente do Grupo Fiat.

Lula critica bancos que ainda estão segurando o crédito – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar os bancos que não têm mantido a oferta de crédito em nível normal. Segundo ele, o governo federal já fez sua parte ao alterar as regras dos depósitos compulsórios.

O depósito compulsório obriga que os bancos recolham ao Banco Central parte do dinheiro depositado pelos seus clientes. “Os bancos têm responsabilidade concreta (pela falta de liquidez) porque não há nenhuma razão para que parem nenhuma política de financiamento. Da parte do governo, nós estamos liberando compulsório para fazerem os empréstimos e financiame
Fonte: Webtranspo