Recalls refletem maturidade na indústria

Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC

Ao contrário do que se pensa, a onda de recalls anunciados nos últimos meses – desde o mês passado foram seis –, está longe de representar problemas estruturais das montadoras. As substituições de peças refletem um sistema sadio de controle de qualidade, já que a empresa consegue detectar possíveis falhas dentro da cadeia produtiva e desenvolver métodos para evitar que elas se repitam.

Quem garante são especialistas em engenharia automotiva, que enxergam o processo como prova de evolução da indústria automotiva nacional.

“O recall é a constatação de que existe preocupação com o consumidor. Até porque o mercado está muito concorrido e o que interessa para a empresa é o cliente cativo, que compra carro sempre da mesma marca por confiar nela”, afirma o engenheiro automobilístico e professor da Universidade Fei, de São Bernardo, Ricardo Bock.

Mas um número muito grande de recalls não poderia significar o contrário? Para Bock, não. Ele ressalta que a quantidade de recalls parece grande porque atualmente há muitas montadoras no País.

“Devemos tomar cuidado com estatísticas. No nível que está o recall não é um problema. É importante frisar que a montadora detecta o defeito em um lote e, por prevenção, chama toda a linha para revisão”, explica.

“ Isso não significa que o defeito está em todos os veículos daquela linha. Por segurança, deve-se levar o automóvel à concessionária para que os técnicos vejam se há necessidade ou não de troca da peça”, completa Bock.

Processo – O engenheiro do IQA (Instituto de Qualidade Automotiva), Alexandre Xavier, concorda com Bock. Ele também diz que o recall nada mais é que parte integrante do processo de controle de qualidade das montadoras.

“Mais do que detectar o defeito e corrigí-lo, o recall é uma ferramenta que permite a descoberta de mecanismos que evitem sua repetição.”

Muitos motoristas ignoram as chamadas das fabricantes

Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC

Não são todos os proprietários de veículos que atendem às convocações das montadoras para recall. Fato preocupante, já que as empresas costumam tomar decisões desse tipo quando o item com defeito pode reduzir a segurança do carro.

E o pior é que não há ainda uma estatística nacional que permita às autoridades fazer uma medição de quantos veículos em circulação possam estar com a segurançarealmente comprometida.

Uma fonte ligada ao setor automotivo – que pediu para não ser identificada – adiantou que as montadoras já discutiram com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), a inclusão de informações sobre recalls no Siniav (Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos).

O Siniav, que deve começar a ser implantado em maio, é um sistema que inclui um chip eletrônico (ficará instalado no carro), antenas leitoras que serão espalhadas pelas vias públicas e um banco de dados com informações sobre todos os automóveis.

Se um carro roubado passar pela antena será imediatamente identificado, assim como um veículo com IPVA atrasado. Se os dados do recall forem incorporados ao sistema, as autoridades saberão se o motorista atendeu ou não a chamada e poderá incluir a informação no banco de dados. Quando alguém for comprar um carro usado, poderá consultar, pelo sistema, se o mesmo passou ou não pela revisão.

A assessoria de imprensa do Denatran não confirmou a informação, mas destacou que a possibilidade pode ser discutida futuramente.

Montadoras convocam proprietários seis vezes em pouco mais de 1 mês

Marcelo de Paula
Do Diário do Grande ABC

Entre dezembro de 2007 e este mês foram realizadas pelo menos seis convocações para reparação de defeitos em automóveis que já estão em circulação.

A General Motors, que no mês passado já havia anunciado o recall para os modelos Astra, Vectra e Zafira, neste mês fez outra convocação para proprietários do Ômega. A Honda iniciou o ano chamando os donos da motocicleta CBR 1000 RR Firebla
Fonte: Diário do Grande ABC