Reflexos de Genebra


Pelo menos 15 novidades chegarão ao Brasil nos próximos 12 meses

por FERNANDO CALMON

O Salão do Automóvel de Genebra – encerra-se dia 14 – demonstrou, ao comemorar 80 anos, algo adiante em tendências e mais de 80 estreias mundiais, dependendo dos critérios de classificação. Os organizadores se esforçaram na organização de um grande fórum de Mobilidade do Futuro e até criaram uma Pavilhão Verde para abrigar elétricos e soluções alternativas. Pouco frequentado, este tinha dimensões acanhadas.

Entre as novidades, pelo menos 15 chegarão aqui nos próximos 12 meses, desde o compacto Nissan March aos remodelados Porsche Cayenne e sua contraparte VW Touareg, passando por uma única unidade do sueco Koenigsegg CCXR (1.020 cv, R$ 6 milhões) e a nova geração do utilitário esporte Kia Sportage, além do BMW Série 5, Mercedes-Benz E Cabriolet, Audi A1 e Volvo S60.

O Dacia Duster, a ser fabricado no Paraná em 2011 com a marca Renault, em primeira aparição pública agradou pelo desenho robusto. Havia expectativa de que a Nissan fabricasse, no mesmo local, o March, mas o México foi o escolhido. Para o Brasil, pode estar destinado uma versão superior do carro de entrada de baixíssimo custo que a aliança Renault-Nissan produzirá na Índia, em colaboração com a Bajaj, para enfrentar o Tata Nano.

Genebra deu continuidade às propostas conceituais que apenas antecipam como serão as gerações seguintes. Foi o caso do Mercedes F800, indicação do novo CLS que lançou a moda sedã-cupê. E também do Peugeot 508 já exibindo a parte central do capô ligeiramente abaulada para atender as futuras regras europeias (2013) de proteção em atropelamentos que mudarão o visual dos carros no continente.

A Porsche atraiu atenções pelo híbrido 918 Spyder (motor a combustão e três elétricos), enquanto o cupê Citroën Survolt, só elétrico, destacou o imenso aerofólio. O primeiro tem possibilidade de ser produzido; o segundo, um carro-show. No campo técnico, a Fiat apresentou o Twin-Air, motor a gasolina de 2 cilindros, 900 cm³, de sua divisão FPT, a estrear no 500 em setembro. De 65 cv (aspirado) a 105 cv (turbo) emite 30% menos CO2, ou seja, opção de downsizing – redução de cilindrada – a rivalizar com os diesels de mesma potência. No momento, o Polo Bluemotion é referência: downsizing de 1,4 para 1,2 litro, a diesel com turbo Garrett de geometria variável, apenas 87 g/km de CO2 ou 15% menos.

O novo Opel Meriva, que não chegará ao Brasil e agora compartilha plataforma com o irmão maior Zafira, destacou-se pelas duas portas traseiras com abertura invertida independente, único em grande série a dispor dessa solução de acesso facilitado, só oferecida no Rolls-Royce Phantom. Mini Clubman (apenas um lado) e Mazda RX8 têm portas pequenas desse tipo, mas só funcionam com as portas dianteiras também abertas.

Curioso, o Aston Martin Cygnet, versão bem incrementada do minúsculo Toyota iQ, visa baixar a média de emissão de CO2 dos carros de alto desempenho do fabricante inglês. E, pensando no futuro, a Daimler anunciou uma parceria com a BYD, produtor chinês de carros e baterias, a fim de desenvolver carros elétricos na China. A empresa alemã já havia comprado 10% das ações da Tesla, fabricante americano de carro esporte elétrico sob encomenda.

Roda viva

APESAR de menos dias úteis, fevereiro foi o melhor segundo mês da história: 221.000 unidades vendidas de carros e comerciais leves e pesados. Volume quase 11% acima de fevereiro de 2008, antes da crise financeira mundial de setembro daquele ano. Março está em bom ritmo, mas abril e maio, primeiros meses sem redução do IPI, podem fraquejar.

FEVEREIRO marcou a produção de 10 milhões de carros com motores flex. Ainda assim, na revista ABLA (de locadoras de veículos) aparecem pérolas do tipo: “Rode apenas com um combustível; quem roda pouco deve usar gasolina; se misturar gasolina ao etanol, não deixe o carro parado mais de quatro dias”. Só lendas urbanas repetidas como verdadeiras…

FOCUS sedã e hatch terão, a partir de abril, motor
Fonte: Interpress Motor