Selic custa R$ 465,60 em carro popular

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC

A elevação da Selic (taxa básica de juros) em 0,5 ponto percentual, anunciada pelo Banco Central, embora deva gerar efeitos no médio prazo na economia, segundo especialistas, de imediato terá impacto pequeno no bolso do consumidor.

Estudo da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) mostra que, no caso por exemplo da compra de um carro de R$ 25 mil via CDC dos bancos pelo prazo de 60 meses, a elevação prevista será de R$ 7,76 na prestação, ou R$ 465,60 no total.

“Não vai se deixar de comprar por causa disso”, disse o vice-presidente da associação, Miguel Ribeiro de Oliveira.

O assessor econômico da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Fabio Pina, tem avaliação semelhante. “A alta dos juros não vai conter a demanda do consumidor, que é mais sensível ao que cabe no seu orçamento”, afirmou.

Oliveira acrescenta que há uma grande distância entre a Selic (que é referência para a economia) e os juros cobrados pelas instituições financeiras à população. Além disso, segundo ele, para o governo conter o consumo no curto prazo, teria de promover ou uma alta mais agressiva dos juros básicos, ou reduzir o prazo dos financiamentos ou penalizar os bancos elevando o depósito compulsório.

PSICOLÓGICO

Ainda segundo o dirigente da Anefac, ao elevar a taxa básica, o BC vai prejudicar mais a balança comercial, já que o real se aprecia, já que entram mais dólares de especulares interessados em investir em títulos públicos.

No entanto, em relação à inflação, o efeito é mais psicológico, já que atualmente as altas de preços estão concentradas em commodities (itens com cotação internacional, como soja e petróleo), sob as quais a ação do BC não controla. “É mais para sinalizar às empresas para não elevarem seus preços se não novas elevações de juros virão”, disse Oliveira.

Deverá criar dificuldades sobretudo para pequenos empresários. “A rentabilidade já era baixa e, com juros mais altos, muitos empresários podem ter problemas”, disse o diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato.
Fonte: Diário do Grande ABC