Uma semana de venda de veículos 0 km lota Paulista

ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

O ritmo de crescimento da frota da cidade de São Paulo triplicou nos últimos anos. Em fevereiro de 2008, a média superou mil veículos a cada dia.

Esse patamar de novos carros, motos, ônibus e caminhões é suficiente para, em uma única semana, ocupar todas as faixas da avenida Paulista inteira.

É por isso que não há, segundo especialistas, como fazer obras viárias que possam compensar a entrada de tantos automóveis na capital paulista. A frota já passou de 6 milhões, praticamente um veículo a cada dois habitantes.

O diretor-executivo do Secovi (sindicato da habitação), Eduardo Della Manna, rejeita a contribuição do boom imobiliário na piora do trânsito.

“O trânsito é resultado do crescimento da frota e da economia. Empreendimentos são feitos onde há demanda. O que precisa ser atacado é a melhoria do transporte coletivo”, diz.

A maioria dos especialistas vê contribuição da verticalização da cidade, às vezes desordenada, na piora da fluidez. E é unânime a cobrança pela expansão do transporte coletivo.

O metrô tem hoje só 60 km na capital, contra uma rede próxima de 200 km na Cidade do México, onde a implantação começou na mesma época.

Entre as soluções discutidas para a melhoria do trânsito é crescente a defesa de medidas radicais de restrição ao carro, como o pedágio urbano -já adotado no centro de Londres.

Há outras propostas que ajudariam, mas consideradas só pontuais –como difusão de semáforos inteligentes e ordenamento do trânsito de motos.

As soluções estruturais mesmo, diz a maioria, envolvem um novo planejamento urbano e de uso do solo, para fortalecer a infra-estrutura da parte central dos bairros e evitar que a população atravesse a cidade e circule por grandes distâncias para ir trabalhar diariamente.

Se a maioria dos moradores pudesse trabalhar, comprar, estudar e passear mais perto do local da residência, menor a necessidade de uso do carro, menores os congestionamentos.

Fonte: Folha Online